A economia que vem da cannabis

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*Alessandra Nascimento

Se há uma coisa que no capitalismo não existe é barreira intransponível.  Vejo discussões acaloradas sobre a liberação do uso medicinal da cannabis no Brasil enquanto em outros países a discussão já está mais adiantada.  Taxação de impostos e geração de renda para empreendedores e, principalmente,  o Estado.

Há um tempo li na Forbes que o mercado norte-americano espera até 2027 obter US$ 45 bilhões com uso medicamental e recreativo da erva. E dentro disso falamos também do empreendedorismo. Gerador de empregos, fortalecedor da cadeia econômica que ajuda o pai e a mãe de família a levar o suado dinheiro para suas casas. E como empreendedorismo trata de inovação e criatividade, contamos com os mais distintos setores: gastronômico, beleza e higiene pessoal, vestuário,  etc. Dá pra ter uma ideia da pujança dessa cadeia por lá?

Agora vamos à cereja do bolo: participei do I Fórum de Cannabis Medicinal,  realizado pelo vereador de Salvador, André Fraga, do partido Verde, cujo trabalho exemplar com a sanção da lei 9663/2023 para distribuição gratuita em Salvador de medicamentos à base de Cannabis, tem impactado em muitas vidas e a parceria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia para o local do evento. Não preciso mencionar que associações de pessoas com deficiências estavam presentes, uma vez que o óleo tem se mostrado extremamente benéfico em tratamentos de ordem neuropatologica.

Neurologistas apresentaram estudos  otimistas nos resultados para doenças já conhecidas como a Epilepsia, mas também fibromialgia e autismo, dentre outras. Ou seja, prover melhor qualidade de vida.

Diante do quadro e, principalmente dos depoimentos das pessoas que fazem uso do medicamento, fiz o amargo reconhecimento do quanto o Brasil engatinha nas discussões a respeito da cannabis. Ainda estamos tratando do uso medicinal enquanto há todo um mercado sendo negligenciado. A parte financeira que poderia gerar em impostos para os municípios e governos estaduais é imensurável.

Também vemos a negligência por parte da indústria farmacêutica. Ou talvez ela esteja atada ao falso moralismo daqueles que julgam a planta esquecendo que todos os remedios que são vendidos em farmácias são “drogas” para tratamento médico.

Me pergunto até quando o país vai ficar parado em amarras que atrasam o desenvolvimento. Fiz questão de começar falando da economia norte-americana e da expectativa do potencial de crescimento.

Isso porque não falei da Alemanha, que usa a Cannabis na gastronomia nas cafeterias, clubes sociais, dentre outros, recém liberados.

Agora vou falar do nosso vizinho Uruguai, que há anos liberalizou o uso da maconha.  Trata-se de uma produção dentro da pauta de exportação daquele país que arrecada U$ 5,3 milhões para a balança comercial, ocupando o oitavo lugar na pauta de produtos exportáveis.

Encerro o artigo desta semana por aqui lembrando mais uma vez que os medicamentos que tomamos provém de alguma droga e a ignorância é irmã da estupidez. Somente os tolos negligenciam seu potencial sob a desculpa da incapacidade.

Não levanto bandeiras. Apenas apresento números de como discussões polarizadas podem, digamos assim, atrapalhar a economia e impedir o desenvolvimento de negócios para um país. Por favor não vamos ficar aguardando o tempo passar. Vamos discutir com maior sensatez. Nosso país precisa disso.

Foto: Harrison Haines/ Pexels.com

*Alessandra Nascimento é editora-chefe do Site Café com Informação; Articulista do Jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro; Correio Regional e Portal Noticia Capital; Ex-Correspondente Internacional

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