O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) indica que a movimentação financeira média das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras em dezembro de 2024 registrou queda de 0,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Com isso, na comparação anual, após elevação de 5,5% no terceiro trimestre, o quarto trimestre de 2024 se encerrou com crescimento de 3,3% para as PMEs.
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 736 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
A queda do índice em dezembro/24, somada ao baixo crescimento metrificado em novembro/24 (+1,8% YoY), contempla uma importante perda de ritmo do mercado de PMEs no país nos últimos meses, com ênfase na desaceleração dos setores Indústria e Serviços.
Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, explica que, ainda que as expectativas de curto prazo mostrem possibilidade de expansão neste primeiro trimestre, especialmente diante do crescimento dos rendimentos reais no mercado de trabalho, o setor de PMEs se mostra aderente ao aumento das incertezas macroeconômicas no país. “Este cenário de insegurança se intensificou, em especial, após o anúncio do plano de revisão de gastos do governo em novembro/24, visto como insuficiente pelo mercado para alcançar as metas contidas no arcabouço fiscal”, comenta.
No período, as PMEs do Comércio se destacam com crescimento de 7,1% comparado ao mesmo período do ano anterior. O avanço é verificado no atacado e no varejo, devido às compras de ‘Black Friday’ e festividades de final de ano. No segmento varejista, foram verificados resultados positivos em ‘artigos de colchoaria’, ‘artigos de viagem’, e ‘brinquedos e artigos recreativos’.
Além disso, o IODE-PMEs também indica que houve crescimento em dezembro no faturamento das PMEs de Infraestrutura (+3,1% YoY). O resultado foi sustentado por ‘coleta, tratamento e disposição de resíduos’ e ‘eletricidade’. Houve queda, no entanto, do segmento de ‘construção’, como observado nos últimos meses.
Já as atividades de Indústria e Serviços recuaram no último mês do ano, de acordo com o IODE-PMEs, afetando o desempenho geral do mercado no período. Na Indústria, as PMEs apresentaram queda de 5,4% YoY no mês. Entre os 23 subsegmentos monitorados índice, apenas seis apresentaram aumento. Entre eles, atividades de ‘produtos têxteis’, ‘equipamentos de transporte’ e ‘fabricação de produtos de minerais não metálicos’.
Houve, ainda, recuo das PMEs do setor de Serviços (-1,9% YoY). “Ainda que os resultados recentes do setor sejam modestos (considerando a desaceleração geral frente ao desempenho do terceiro trimestre), algumas atividades, como ‘transportes e armazenagem’, ‘atividades financeiras’, ‘atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria’, ‘e ‘atividades de atenção à saúde humana’, seguiram em expansão”, complementa o economista.
Para o economista, o contexto macroeconômico desafiador de 2025 não deve restringir totalmente o crescimento do mercado de PMEs. “Tende a ocorrer em menor intensidade e mais próximo do observado na economia em geral. Do ponto de vista setorial, espera-se que a expansão do mercado de PMEs ocorra concentrada em atividades dos setores de Serviços e Comércio mais dependentes da renda – refletindo a perspectiva de sustentação do consumo das famílias”, comenta. A expectativa de Beraldi, no entanto, é de continuidade do avanço da Selic (taxa básica de juros) pelo BCB, que deve influenciar os segmentos mais dependentes da evolução do crédito, com ênfase nos setores Indústria e Infraestrutura.
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