Especialista analisa corte da taxa de juros do Banco Central Europeu

Você está visualizando atualmente Especialista analisa corte da taxa de juros do Banco Central Europeu

O Banco Central Europeu decidiu cortar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual para promover a flexibilização da economia. O site Café com Informação conversou com o especialista Tim Winstone, gerente de portfólio na Janus Henderson, sobre a decisão do BCE. É a primeira vez que a Europa se antecipa ao Federal Reserve, Banco Central dos EUA, no corte das taxas desde novembro de 2011. Para o especialista a decisão europeia pode criar oportunidades para os gestores ativos. “A eventual taxa de juros estabelecida na Europa pode ser mais baixa do que nos EUA, o que tem implicações para o BCE em termos de flexibilidade e ferramentas de política, bem como para os investidores. A flexibilização na Europa, assim como em outros mercados desenvolvidos, parece ser gradual. A seleção de títulos para os investidores continuará sendo fundamental”, diz.

Winstone considera que o BCE se mostra cauteloso na redução das taxas. Para ele, o afastamento da sincronização dos bancos centrais europeu e norte-americano não é motivo de preocupação, mas sim uma função de diferentes situações econômicas. “Em comparação com a Europa, a inflação impulsionada pela demanda dos EUA tem sido mais rígida; o crescimento/emprego, melhor; e o consumidor, excepcionalmente forte. A economia da zona do euro está experimentando uma inflação menos rígida, impulsionada principalmente pelos preços da energia. Essa divergência cria oportunidades para nós, gestores ativos”, comenta.

Questionado sobre o que os investidores devem observar em relação às perspectivas da Europa, ele elenca que, após crescimento salarial e dados inflacionários melhores, o BCE está adquirindo alguma margem de manobra ao “não se comprometer previamente com uma trajetória específica de taxas”. A orientação futura foi agora reduzida em favor da “dependência dos dados” e de uma abordagem “reunião por reunião”. As revisões para cima da inflação geral e da inflação subjacente dos números de março enfatizam essa abordagem mais cautelosa.

Comparativo com mercados

Tim Winstone diz que os rendimentos mais altos – em torno de 4% para o crédito Euro IG 1 – funcionam como um amortecedor contra qualquer volatilidade do mercado e são um nível de entrada atraente para a classe de ativos. “No entanto, acreditamos que é provável que a volatilidade permaneça moderada e que as liquidações de spreads tenham vida relativamente curta. Os spreads se estreitaram com a antecipação da flexibilização, já que os rendimentos foram reprecificados, o que deixa menos espaço para um desempenho superior em caso de maior aperto”, frisa.

Sobre as taxas de juros mais baixas ele diz que poderiam abrir o acesso ao capital para todas as empresas. “Taxas mais altas por mais tempo têm duas implicações principais para as empresas. Primeiro, sinalizar estruturas de capital inadequadas e sua insustentabilidade. Estamos começando a ver isso acontecer no crédito com classificação mais baixa, onde o custo muito mais alto de financiamento está realmente afetando. Em segundo, taxas mais altas por mais tempo incentivam as empresas a pagar suas dívidas, ou seja, podemos ver uma desalavancagem, o que deve ser positivo para o crédito”, finaliza.

Foto: fotoblend/Pixabay

Compartilhe:

Deixe um comentário