Campos Neto critica Milei por extinção do BC

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Adriano Villela

O presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, classificou como inviável a proposta do presidente eleito da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, de extinguir o Banco Central local. Vale destacar que o embate aqui não tem nada de ideológico. O dirigente da autoridade monetária daqui é mais próximo das ideias liberais – assim como o avô e ex-ministro Roberto Campos – do que a linha do governo Lula.

“Com a dolarização (outra medida prometida pelo futuro presidente da Argentina), uma função do BC deixa de existir, mas um banco central tem o mandato de estabilidade da moeda e de estabilidade financeira. Isso significa que o BC faz função de conduta, supervisão e regulação financeira, que alguém tem que fazer”, argumentou Campos Neto, que cita ainda o fluxo de entrada e saída de dinheiro com outros países seja qual for a moeda local. Essas declarações foram publicadas pelo site Infomoney.

Da minha parte, também não vejo como por fim às funções do BC. Ainda que outras atividades sejam mais tipicamente privadas e alguns órgãos, reconheço, nem sei porque existem, há órgãos públicos que têm funções essenciais e só o Estado pode desempenha. Parece óbvio. Extinguir o Banco Central se assemelha à intenção do ex-presidente Michel Temer (MDB) de privatizar a Casa da Moeda. Não prosperou.

Avalio, à distância, que o novo presidente da Argentina pode por fim à instituição, mas vai transferir a sua atuação para outro órgão, até para um superministério da Economia. Vale lembrar que nos Estados Unidos a autoridade monetária chama-se Federal Reserve e não Central Bank e no governo chinês a política monetária é feita pelo Banco Popular da China.

Uma reestruturação administrativa é até possível. No Brasil, o Ministério da Fazenda já incorporou a Previdência, com Temer, e a área de orçamento, com Bolsonaro. O gargalo principal para o novo governo argentino é que, nos negócios, indefinições e medidas que não se sabe como serão implementadas normalmente trazem prejuízos incalculáveis.

Na área externa, o ultraliberal sinalizou recuos. Após ter sido parabenizado pela vitória eleitoral no último domingo, Milei agradeceu o governo chinês em carta. E também afirmou que o presidente Lula seria bem recebido em sua posse, marcada para 10 de dezembro – o governo brasileiro já antecipou que o presidente só irá á cerimônia se o presidente eleito pedir desculpas por declarações contra o Brasil dadas durante a campanha.

Montagem: site Café com informação/Fotos: reprodução site B3

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