Adversidades enfrentadas pelos empresários latino-americanos

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*Adary Oliveira ex-presidente da Associação Comercial da Bahia, Engenheiro químico e professor (Dr.)

São muitas as adversidades enfrentadas pelos empresários latino-americanos em seus negócios que podem impactar negativamente o crescimento e desenvolvimento das empresas na região, ou mesmo contribuir para que os países da América Latina continuem sendo classificados como subdesenvolvidos, emergentes ou em desenvolvimento. As principais, sem citar todos os desafios, podem ser assim enumeradas: instabilidade econômica, burocracia excessiva, alta carga tributária, dificuldade de acesso a crédito, falta de infraestrutura adequada, corrupção e instabilidade política.


A instabilidade econômica dificulta o planejamento a médio e longo prazos criando incertezas sobre a viabilidade do negócio, principalmente taxas de retorno sobre o capital aplicado e o momento mais certo para realização dos investimentos. O fantasma da inflação está sempre ameaçando os bons resultados. As dificuldades passam pelas previsões de custos das matérias primas, dispêndios operacionais e preços de venda dos produtos.


O excesso de burocracia está presente em tudo, como se o cumprimento de determinadas ações evitasse a fraude ou a enganação. O registro de uma simples escritura requer a contratação de um advogado para exigir o cumprimento de uma lei. Documentos só são considerados autênticos se as assinaturas forem feitas com tinta azul, sob a alegação de que a preta pode ser copiada. Alguns comprovantes têm validade de apenas três meses. As certidões caducam em prazo curtíssimo. Muitas das exigências são feitas pela primeira vez por alguém, sem razão, e se perpetuam sem explicação.

A alta carga tributária não corresponde à qualidade dos serviços públicos. Os impostos são crescentes com o tempo e são impulsionados pela vontade dos governantes de estarem sempre aumentando as despesas, mesmo que isso não signifique aumento correspondente dos benefícios sociais. Tudo fica mais complicado por exigir das empresas despesas elevadas para conseguir uma adimplência quase impossível. Do lado do governo cresce a necessidade de aumento da fiscalização para verificar o cumprimento de um emaranhado sem fim de obrigações e procedimentos.
A dificuldade de acesso ao crédito, estabelecida pelas instituições creditícias, tem como elemento principal a barreira das garantias, ao invés da análise da capacidade de realização empresarial. As taxas de juros elevadas, as comissões de repasse altas, a cobrança pela reserva do crédito, o alto índice das garantias reais, tudo justificado pelo alto risco do negócio, como se existisse negócio sem risco ou se todos os negócios tivessem a mesma atratividade. Os créditos oferecidos pelas agências governamentais têm taxas de juros definidas por critérios setoriais, deixando-se de lado as necessidades regionais, motoras do desenvolvimento menos desigual.

A falta de infraestrutura adequada aumenta os custos operacionais, elevando os preços dos bens e serviços. Os investimentos em infraestrutura muitas vezes são realizados com atraso, justificados por demandas já existentes, e não para atrair novos empreendimentos capazes de alavancar novos negócios. São inúmeros os casos de investimentos que resultaram em desenvolvimento regional que poderiam servir de exemplo para a definição das prioridades. Muitos demonstram também, que quando liderados para a iniciativa privada, liberam os governos das aplicações, descomprimindo seus orçamentos.


A corrupção é um dos males que mais contribui para o atraso e dificulta o desenvolvimento, devendo por isso ser combatida com toda força possível. O uso de atalhos jurídicos mostra algo de errado e o resultado não tem sido bom para a sociedade como um todo.
Finalmente, sem esgotar o assunto, a estabilidade política. O desejo dos políticos de se manterem no poder, a colocação dos interesses partidários acima do interesse público gera descontinuidades e se constitui de um enorme obstáculo à realização de negócios e consequentemente à promoção do desenvolvimento.


Tudo isso exige dos empresários a busca permanente de estratégias e soluções para superar assas adversidades e manter seus negócios competitivos no mercado.

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