Agência IBGE
O valor de produção das principais culturas agrícolas do Brasil atingiu o recorde de R$ 830,1 bilhões em 2022, com alta de 11,8% em relação ao ano anterior. Foi a maior safra de grãos já registrada na série histórica, com 263,8 milhões de toneladas, alta de 3,8% frente a 2021. A área plantada do país foi de 91,1 milhões de hectares, com alta de 5,2%, ou 4,5 milhões de hectares a mais do que em 2021. Os dados são da Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada hoje (14) pelo IBGE.
“Com a restrição do comércio das principais commodities agrícolas, por conta dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, e o dólar mantendo sua valorização frente ao real, os preços dos principais produtos agrícolas se mantiveram elevados”, explica Winicius Wagner, supervisor da pesquisa.
Com o bom desempenho, principalmente da segunda safra, e novo recorde na série histórica, a cultura do milho foi a que mais contribuiu para o crescimento do valor de produção agrícola no ano, alcançando 109,4 milhões de toneladas, gerando R$ 137,7 bilhões, com alta de 18,6% ante 2021.
No ranking de valor de produção, a soja liderou. Apesar da queda de 10,5% na produção em 2022, com um volume de 120,7 milhões de toneladas, o valor de produção da oleaginosa cresceu 1,3% frente a 2021, chegando R$ 345,4 bilhões. A seguir vieram milho, cana-de-açúcar, café e algodão.
“Além do recorde de produção de grãos, a manutenção do elevado patamar de preços das principais commodities agrícolas no mercado internacional contribuíram para uma alta de 6,6% no valor da produção do grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas, com um recorde de R$ 568,2 bilhões”, acrescenta Winícius. Com participação de 30,2% na produção nacional de grãos, Mato Grosso novamente foi o maior produtor, seguido por Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Mato Grosso mantém liderança, com 21,1% do valor de produção agrícola
Maior produtor de soja, milho e algodão, o Mato Grosso foi a unidade da federação com maior valor de produção agrícola. Em 2022, a produção do estado gerou R$ 174,8 bilhões, um acréscimo de 15,2%. Mato Grosso aumentou sua participação nacional para 21,1%, e agora está à frente de São Paulo. Mais de 1/5 do valor de produção agrícola nacional se concentra no estado.
São Paulo apresentou alta de 24,6% no valor de produção da cana-de-açúcar e 16,4% no valor de produção da laranja, produtos dos quais é líder nacional na produção. No geral, o crescimento foi de 22,5%, resultando num valor de produção de R$ 103,0 bilhões. A participação do estado, que em 2021 havia sido de 11,3%, ficou em 12,4% em 2022. Já Minas Gerais, maior produtor de café, ocupou a terceira posição ao totalizar R$ 87,3 bilhões, um aumento de 28,1%.
Entre os municípios, Sorriso (MT) liderou pela quarta vez consecutiva, alcançando R$ 11,5 bilhões em valor da produção e respondendo por 1,4% do total nacional. Sorriso também teve o maior valor de produção em soja (R$ 5,8 bilhões) e milho (R$ 4,2 bilhões). O município mato-grossense também foi o quinto maior produtor de algodão herbáceo (em caroço), obtendo R$ 1,3 bilhão, e o quarto maior produtor de feijão, com 46.350 toneladas que geraram R$ 152,5 milhões.
A segunda posição ficou com Campo Novo do Parecis (MT), totalizando R$ 8,2 bilhões, alta de 7,9% em relação a 2021. A produção de soja, algodão e milho somou R$ 7,8 bilhões. No ano, Campo Novo do Parecis gerou R$ 2,2 bilhões com a produção de algodão, ocupando a terceira posição no ranking de valor da produção com o produto no país.
Sapezal (MT), terceiro colocado, apresentou valor de produção de R$ 8,0 bilhões, retração de 11,5% na comparação com o ano anterior. O município destacou-se na produção de algodão herbáceo, tendo o maior valor gerado com o produto, aproximadamente R$ 3,6 bilhões. Além disso, ficou na sexta posição nacional em valor da produção de soja, com R$ 3,4 bilhões.
Estiagem no Sul afeta produção de soja
Em 2022, a estiagem no Rio Grande do Sul, Paraná e em Mato Grosso do Sul, reduziu o rendimento médio da soja em 14,3% ante a safra anterior. Mesmo aumentando a área cultivada, a produção nacional caiu 10,5% ante 2021, chegando a 120,7 milhões de toneladas. Já o valor da produção cresceu 1,3%, totalizando R$ 345,4 bilhões. Assim, a soja permaneceu líder entre os cereais, leguminosas e oleaginosas, compondo 60,8% do valor da produção desse grupo.
De acordo com o supervisor da pesquisa, “os preços atrativos do grão nas últimas safras mais uma vez estimularam os produtores a ampliarem as áreas de cultivo. Em consequência disso houve aumento de 5,1% da área plantada no ano, acréscimo de quase dois milhões de hectares”.
Com 38,0 milhões de toneladas e alta de 7,6% no ano, Mato Grosso é o maior produtor. Goiás vem a seguir, com 15,2 milhões de toneladas e alta de 11,4%. Entre os municípios, os maiores produtores foram Sorriso (MT), com 2,1 milhões de toneladas, Rio Verde (GO), com 1,64 milhões de toneladas, e Formosa do Rio Preto (BA), com 1,58 milhões de toneladas.
A exportação de soja caiu 8,6%, totalizando 78,7 milhões de toneladas. Ainda assim, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o produto foi o líder das exportações em 2022, mantendo uma participação de 13,9% do total das exportações do Brasil nesse ano.
Produção recorde de milho
Impulsionada pelo bom desempenho da segunda safra, a produção nacional de milho mostrou recuperação em 2022. Foram produzidas 109,4 milhões de toneladas, representando um crescimento de 24,0% (mais 21,1 milhões de toneladas). Trata-se de uma forte reação após o prejuízo da safra anterior com a estiagem que assolou o Centro-Sul do Brasil nos meses do outono e inverno, impactando a produtividade da 2ª safra nacional.
Os atrativos preços durante o final de 2020 e o primeiro semestre de 2021 fizeram com que os produtores ampliassem as áreas de cultivo, que alcançaram novo recorde de 21,3 milhões de hectares, acréscimo de 8,9%. O milho, que respondeu por 41,5% da produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas no país, e seu valor gerado cresceu 18,6%, chegando a R$ 137,7 bilhões.
Foto: Secom/MT