Após ceder a pressão do setor agrícola francês e não vender mais carne proveniente do Mercosul nas unidades do grupo Carrefour na França, a decisão do CEO global, Alexandre Bompard gerou repudio no setor produtivo nacional. A Federação das Associações Rurais do MERCOSUL (FARM), em nota assinada pelo vice-presidente da CNA e presidente da FARM, Gedeão Pereira, criticou a decisão do grupo. A FARM é composta por entidades representativas da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Uruguai e Paraguai. “Essa atitude, arbitrária, protecionista e equivocada, prejudica o bloco e ignora os padrões de sustentabilidade, qualidade e conformidade que caracterizam a produção agropecuária nos seus países membros. A carne do Mercosul é produzida sob rigorosos padrões socioambientais e sanitários, alinhados com as mais exigentes normas internacionais”, diz a nota.
Segundo a entidade, o Mercosul é líder mundial em práticas de sustentabilidade no setor agropecuário e a decisão do Carrefour ataca a reputação de milhares de produtores rurais comprometidos com a segurança alimentar e a preservação ambiental. “Embora decisões comerciais sejam de competência interna das empresas, a postura pública do CEO do Carrefour, ao transformar uma política de compras em palco para questionamentos infundados, ultrapassa os limites aceitáveis”, segue a nota. A FARM disse que em 2023, os países do Mercosul produziram 38 milhões de toneladas de carne, incluindo bovinos, suínos e aves, das quais exportou 11 milhões. “A região é a principal fornecedora de proteína animal do mundo, e essa produção de alta qualidade chega para mais de 160 países”, segue a nota.
Entenda o caso
A polêmica surgiu após o CEO do Carrefour publicar em suas redes sociais que o grupo não compraria mais carne do Bloco Sul americano em apoio aos protestos do setor agrícola francês. Rapidamente o Carrefour emitiu nota tentando esclarecer a situação. “O Carrefour França informa que a medida anunciada ontem, 20/11, se aplica apenas às lojas na França. Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise. Todos os outros países onde o Grupo Carrefour opera, incluindo Brasil e Argentina, continuam a operar sem qualquer alteração e podem continuar adquirindo carne do Mercosul. Nos outros países, onde há o modelo de franquia, também não há mudanças”.
Foto: Divulgação Carrefour