Por Rogério Baldauf, diretor superintendente da Schmersal
Os modelos de trabalho remoto e híbrido, além de representarem novas possibilidades e dinâmicas, também vieram acompanhados de alguns desafios, um deles muito específico das lideranças: continuar inspirando as equipes à distância, sem as interações e o convívio diários.
O papel do líder vem passando por diversas transformações que o preparam para o futuro. Hoje, a liderança eficiente não é mais aquela que simplesmente dá ordens e conduz as equipes com rigidez. O foco do trabalho está, agora, na autonomia dada aos profissionais e no exemplo que o gestor deve transmitir.
Acredito que esse profissional, alinhado à mudança de postura mencionada, compreende, então, a importância de liderar pelo exemplo. Isso significa que ele deve ser capaz de guiar equipes pela inspiração, considerando as próprias ações e a comunicação estabelecida com os colegas.
Alguns ditos populares são utilizados para resumir determinadas situações e um deles cabe bem a essa reflexão: “a palavra convence, mas o exemplo arrasta”. Discursos vazios, ordens injustificadas, desconsideração com as equipes, nada disso funciona mais, se é que funcionou um dia. O importante, agora e daqui em diante, é engajar, transmitir credibilidade, ser um bom exemplo de profissional.
Como se não bastasse o desafio de inspirar os colaboradores nesse contexto, a essa tarefa somou-se mais um ponto de atenção: como ser esse exemplo à distância, uma presença marcante estando ausente boa parte do tempo?
E, então, você pode responder a essa pergunta dizendo “claro, é só estabelecer contato frequente usando as ferramentas que temos à disposição, como aplicativos de mensagens e plataformas para videoconferência”. De fato, a resposta para essa pergunta passa pela comunicação digital, útil para as conversas e feedbacks.
Ocorre que esse desafio também exige que o líder continue a desenvolver habilidades mais sutis, como a capacidade de ouvir e estabelecer uma conexão mais empática com as equipes. Aqui, o tema deste texto se cruza com uma reflexão anterior que propus sobre empatia digital, a forma de exercitarmos o olhar para o outro quando não há uma convivência presencial.
Em tempos de home office, espera-se que um bom líder defina e transmita com clareza os objetivos e metas da empresa, mas que também aja com transparência, confiança e flexibilidade para que os profissionais possam se autogerir e desenvolver as próprias habilidades.
Na empresa onde atuo, por exemplo, a autogestão faz parte da cultura organizacional. Temos, hoje, uma realidade que concilia o trabalho presencial com alguns dias em casa e, quando isso foi implantado, fluiu de forma orgânica, pois nós já acreditávamos nos benefícios dessa liderança que inspira e estimula a autonomia.
Quando um líder é um exemplo, ele entende como dar todas as condições e o espaço para que os colaboradores tomem as decisões necessárias. Ao mesmo tempo, de alguma forma, essa liderança também tem a consciência de que o próprio exemplo de conduta profissional que transmite está presente em cada ação, inclusive naquelas em que não há uma supervisão direta.
Inspirar sempre foi um desafio para a liderança, isso não mudou. A diferença é que, agora, temos a tarefa de superar a distância e levar o exemplo para ambientes onde não estamos fisicamente presentes, mantendo coesa uma equipe que pode estar espalhada.
A tecnologia, claro, cumpre um papel fundamental para que isso aconteça, mas a eficiência mora no desenvolvimento de competências que formam a figura de um líder, como a transmissão de confiança, a escuta e a transparência dos atos.
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