Luiz Henrique Alves, gestor, fundador do Conselho Dinâmico
Os números não mentem. Uma pesquisa realizada pela Ipsos, em 2020, revelou que 36% dos brasileiros se sentem sozinhos. No contexto empresarial, essa porcentagem pode ser ainda maior. Muitos gestores iniciam essa jornada sem uma rede de apoio adequada, sem mentores que os possam guiar e, com o tempo, a sensação de isolamento só cresce.
Além disso, a falta de uma rede de apoio estratégico adequada é um dos fatores que intensifica a sensação de solidão. Muitos empresários, como eu, iniciam sem mentores ou conselhos profissionais que possam oferecer uma visão externa e experiente. Isso pode deixar o gestor vulnerável, sem um ponto de referência para validar decisões ou para orientar nos momentos de incerteza.
É nesse contexto que o valor de um conselho profissional se torna evidente. Ter ao lado profissionais que compreendem o mundo dos negócios, que já passaram por desafios semelhantes e que estão dispostos a oferecer suporte e orientação, pode fazer toda a diferença. Um conselho não apenas oferece uma rede de apoio, mas também proporciona a confiança necessária para tomar decisões mais assertivas e informadas. Essa rede não é apenas sobre trocar ideias ou discutir estratégias; é sobre ter a segurança de que, mesmo nas situações mais difíceis, não estamos sozinhos.
A solidão no empreendedorismo não se manifesta apenas na ausência de companhia, mas também na carga de responsabilidade que recai sobre os ombros do gestor. Tomar decisões difíceis, que podem afetar toda a empresa, é uma tarefa árdua. O peso dessas escolhas é imenso e muitas vezes é precisos carregá-lo sozinho. Não ter com quem dividir essas preocupações, sem parecer incapaz, pode ser exaustivo e, com o tempo, esse isolamento se torna um fardo pesado demais.
A mesma pesquisa da Ipsos também revela as consequências desse isolamento, com impactos significativos na saúde mental e física. No contexto empresarial, a falta de conexão emocional e social pode levar a uma deterioração do bem-estar, resultando em Burnout, ansiedade e até depressão. Um conselho profissional pode atuar como uma rede de proteção, oferecendo não apenas conselhos práticos, mas também apoio emocional, ajudando a aliviar a carga de estresse e a sensação de solidão.
A tecnologia, que deveria facilitar a conexão, muitas vezes piora a situação. Com a pressão para estar sempre disponível, as interações pessoais se tornam superficiais, e o isolamento social se intensifica. A falta de um círculo de apoio fora do ambiente de trabalho agrava ainda mais a solidão, criando um ciclo vicioso onde o empresário se afasta cada vez mais das relações humanas.
Essa solidão pode se manifestar de várias formas. Existe a solidão emocional, quando sentimos que ninguém ao nosso redor realmente compreende os desafios que enfrentamos; a solidão social, onde a falta de interação fora do contexto profissional nos faz sentir desconectados da sociedade; e a solidão intelectual, onde não encontramos pessoas com quem possamos compartilhar ideias ou resolver problemas complexos.
Um conselho profissional pode ser a chave para romper esse ciclo de isolamento. Ele oferece um espaço seguro para discutir problemas, compartilhar dúvidas e buscar soluções em conjunto. Ao contar com a experiência e o apoio de outras pessoas, nos sentimos mais capacitados e confiantes para enfrentar os desafios do dia a dia. Ter uma rede de apoio robusta, composta por profissionais experientes, pode transformar nossa jornada empreendedora. Essa rede não apenas fornece orientação estratégica, mas também ajuda a aliviar a carga emocional, proporcionando um equilíbrio que é crucial para o sucesso a longo prazo.
A solidão do empresário é uma realidade que precisa ser enfrentada. Ao cercar-se de pessoas confiáveis e experientes, é possível construir uma jornada mais sólida e confiante, onde o sucesso é compartilhado e as dificuldades são enfrentadas em conjunto. Afinal, empreender não precisa ser uma jornada solitária: com o apoio certo, podemos trilhar esse caminho com mais segurança e, acima de tudo, com menos solidão.