Pesquisa CNT de Rodovias completa 30 anos e registra melhora no Estado Geral da malha viária brasileira

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A Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada nesta quarta-feira (17), completa 30 anos e aponta avanço no Estado Geral da malha viária brasileira em relação a 2024. Realizado desde 1995, o levantamento, que avaliou 114.197 quilômetros de rodovias pavimentadas, mostra aumento na proporção de trechos classificados como Ótimos ou Bons e redução nos trechos Ruins ou Péssimos.

De acordo com o estudo, que é financiado pelo SEST SENAT, 37,9% da extensão pesquisada (43.301 km) está em condições Ótimas ou Boas, ante 33,0% em 2024 (36.814 km), representando um avanço de quase 5 pontos percentuais (p.p.). Já os trechos avaliados como Ruins ou Péssimos caíram de 26,6% (29.776 km) para 19,1% (21.804 km), uma redução de 7,5 pontos percentuais. A categoria Regular manteve proporção semelhante, com 43,0% (49.092 km) neste ano, frente a 40,4% (45.263 km) em 2024.

O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, ressalta que, ao completar 30 anos, a Pesquisa CNT de Rodovias se reafirma como uma referência fundamental para orientar políticas públicas, nortear investimentos e aprimorar o planejamento logístico do setor transportador.

“Esta edição comprova que investimentos em infraestrutura geram resultados concretos. Reconhecemos os avanços recentes e os esforços do poder público para ampliar e qualificar a malha rodoviária brasileira. Já é possível perceber uma retomada no ritmo necessário de investimentos, mas é fundamental mantê-lo e ampliar ainda mais os recursos destinados ao setor”, afirma Vander Costa.

A classificação do Estado Geral considera as três principais características da malha rodoviária: Pavimento, Sinalização e Geometria da Via. São avaliadas variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes. Em 2025, a avaliação dessas variáveis foi a seguinte:

Aumento de concessões e recursos direcionados

Ao detalhar os percentuais por tipo de gestão, a Pesquisa revela redução significativa dos trechos ruins em rodovias concedidas e públicas. Entre as rodovias concedidas, apenas 618 km receberam essa classificação em 2025, ante 1.609 km em 2024, uma queda de 61,6%. Nas rodovias públicas, a redução foi de 23,3%, passando de 21.630 km para 16.594 km.

O avanço registrado no Estado Geral em 2025 se reflete diretamente em mais segurança e conforto aos transportadores e usuários das vias. Entre os fatores, estão a expansão das concessões e o melhor direcionamento de recursos na malha pública.

“As concessões realizadas em 2025 foram decisivas para melhorar a qualidade das rodovias brasileiras. Elas trouxeram investimentos em manutenção e modernização, aumentando a segurança e o conforto dos usuários. Esse modelo complementa os esforços do poder público e garante vias melhores para o desenvolvimento do país”, afirma Vander Costa.

De acordo com a CNT, a continuidade desse movimento depende de investimentos regulares e planejamento de longo prazo. Soluções tecnológicas e construtivas, como pavimentos mais duráveis e resilientes e o uso do BIM (Building Information Modeling), podem elevar a eficiência logística e consolidar uma malha rodoviária moderna e sustentável.

Quando a infraestrutura falha, o custo sobe

A qualidade do pavimento tem efeito direto no custo da operação de transporte. Segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2025, quanto pior for a condição da via, maiores serão o consumo de combustível, o desgaste dos veículos e o tempo de deslocamento. O levantamento mostra que, considerando os trechos classificados como Bom, Regular, Ruim ou Péssimo, estima-se que a qualidade do pavimento eleve, em média, em 31,2% os custos operacionais do transporte rodoviário no Brasil.

Nas rodovias sob gestão pública, 64,4% apresentam algum problema no pavimento, levando, em média, a um aumento de custos operacionais de até 35,8%. Nas rodovias concedidas, 34,4% apresentam algum tipo de irregularidade no pavimento, o que resulta em um aumento médio nos custos operacionais para os transportadores de até 18,4% em relação ao pavimento Ótimo

A má qualidade do pavimento gera desperdício anual estimado em R$ 7,2 bilhões somente com o consumo adicional de diesel, que é da ordem de 1,2 bilhão de litros. O valor é suficiente para financiar soluções de baixo carbono, como aquisição de caminhões elétricos, produção de combustíveis renováveis e ações de reflorestamento.

Na segurança viária, o efeito da infraestrutura deficiente é ainda mais grave. Entre janeiro de 2016 e julho de 2025, foram registrados 697.435 acidentes nas rodovias federais monitoradas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), com custo econômico acumulado estimado de R$ 149,67 bilhões. Esse valor inclui atendimentos de emergência, perdas de cargas, danos aos veículos e impactos sociais.

Os resultados reforçam a importância de manter o ciclo de investimentos e assegurar um padrão mais elevado de conservação, reduzindo custos, emissões e riscos para empresas transportadoras e os demais usuários das vias.

Menos riscos na pista

A Pesquisa CNT de Rodovias 2025 registrou queda no número de pontos críticos, que passaram de 2.446 em 2024 para 2.144 em 2025, indicando melhora na segurança viária. A maioria das ocorrências ainda está relacionada a buracos grandes, mas houve redução também em erosões, quedas de barreira e outros problemas graves. A tendência reforça que os investimentos recentes começam a gerar resultados positivos na conservação das rodovias brasileiras.

Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

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