Adary Oliveira – ex-presidente da Associação Comercial da Bahia, engenheiro químico e professor (Dr.)
O mundo digital trouxe para os jovens novas preocupações e suas vidas ingressaram num mundo cada vez mais artificial, menos real. Os mostradores analógicos quase não são fabricados mais e a sobrevivência passa a depender de muitos hábitos que estão sendo alterados a cada dia. Quando eles pensam que dominam certas áreas do conhecimento surgem rapidamente nessas áreas outros aperfeiçoamentos. Difícil hoje é estar atualizado sobre tudo. Quando eu era estudante ouvia de um professor que o conhecimento da humanidade duplicava a cada dez anos. Hoje é em muito menos tempo.
Se um médico saia da faculdade sabendo tudo de medicina, hoje ele se forma sem saber tudo da especialidade que escolheu. Mas esse não é o único desafio que aflige os jovens no Brasil. Existem muitos outros abrangendo áreas sociais, econômicas, educacionais e de saúde.
Cada dia que passa eles enfrentam os problemas decorrentes da desigualdade social e econômica. Muitos jovens enfrentam a falta de acesso a oportunidades básicas e vivem em áreas com altos índices de vulnerabilidade socioeconômica. A dificuldade de encontrar empregos formais e bem remunerados e o alto índice de informalidade e desemprego impactam a perspectiva de futuro dessa faixa etária. Ainda permeia em muitas situações o costume de que um bom emprego só se consegue através das indicações levando para segundo plano a formação escolar e a competência profissional.
Em relação à educação, apesar de avanços, problemas como infraestrutura precária, falta de investimentos e desigualdades regionais ainda prejudicam a formação educacional. Dentre os problemas que mais afetam a boa formação está a evasão escolar. Taxas elevadas de abandono escolar, muitas vezes motivadas por dificuldades financeiras, falta de interesse ou ambiente escolar inadequado, deterioram o desenvolvimento acadêmico dos jovens.
Violência e segurança são itens que não são esquecidos quando se fala no assunto, principalmente a violência urbana, conflitos e criminalidade. A exposição a ambientes violentos, especialmente em áreas de maior risco, afeta a segurança dos jovens. A presença da violência, seja ela familiar ou comunitária, contribui para o cenário de vulnerabilidade e, por vezes, conduz ao envolvimento em atividades ilícitas.
Na lista de aflições figuram a saúde mental e comportamental que não passam despercebidas. Questões relacionadas à saúde mental, como estresse, depressão e ansiedade, são cada vez mais recorrentes entre os jovens, muitas vezes agravadas por problemas familiares, pressões sociais e insegurança quanto ao futuro. O consumo de álcool, drogas e outras substâncias pode ser uma forma de enfrentar as dificuldades e o estresse, mas acaba contribuindo negativamente para a saúde e o futuro do indivíduo. Muitos desses casos passam a se constituir um caminho sem volta, destruindo a vida de pessoas inteligentes que poderiam trazer contribuições valiosas para a formação de uma sociedade de mais valor.
Entretanto, nada é mais penoso do que a falta de perspectiva e representatividade. A dificuldade em visualizar um futuro promissor, com estabilidade financeira e crescimento pessoal, é um fator que gera desmotivação. Como consequência vem a falta de participação política e social, chegando em alguns casos, a sensação de desamparo frente às decisões políticas e à falta de canais de participação que pode levar ao distanciamento do engajamento cívico.
O acesso e inclusão digital é outro problema trazido pelos avanços tecnológicos. Embora haja avanços na conectividade, muitos jovens ainda enfrentam dificuldades relacionadas à infraestrutura digital, o que pode afetar seu acesso à informação e à educação. Em muitos países os governantes perceberam que esse problema poderia agravar desigualdades sociais e passaram a fazer doação de computadores para as famílias mais pobres. A desinformação e a falta de acesso à internet contribuiriam fortemente com o agravamento desse quadro.
Esses problemas são interligados e requerem ações integradas por parte do poder público, da sociedade civil e de instituições para que possam ser efetivamente superados. Projetos que promovam a inclusão social, o acesso à educação de qualidade e a saúde mental são essenciais para uma transformação positiva na vida dos jovens brasileiros. Volta e meia retorno ao tema nos mus artigos por acreditar no adágio popular que diz: “ água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
Foto Site Café Com Informação
