Reafirmando uma tendência verificada ao longo do ano passado, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) recuou 0,18% em dezembro. No acumulado do ano passado, a chamada inflação na porta das fábricas – por excluir na conta frete e tributos – teve deflação acumulada de 4,98%. A queda, no geral do ano, foi verificada em oito das 24 atividades componentes do índice.
Nesta quinta-feira (1º), o IBGE revelou que o IPP de dezembro foi o menor para este mês desde o início da série histórica, em 2014. Metade das 24 atividades pesquisadas fecharam em queda no comparativo mensal. Os maiores recuos no ano partiram dos grupos Outros produtos químicos (-17,25%), Refino de petróleo e biocombustíveis (-15,45%), Papel e celulose (-15,23%) e Metalurgia (-9,77%).
Refino de petróleo e biocombustíveis (-1,85 pontos percentuais), outros produtos químicos (-1,51 p.p.) e metalurgia (-0,60 p.p.) também se apresentam como maior peso na composição do resultado final do IPP. Nesta relação também vale citar alimentos (-0,60 p.p.).
Nas grandes categorias, a maior diminuição dos preços aconteceu em bens intermediários (-7,87%). Nos bens de consumo, os duráveis apresentaram aceleração inflacionária (2,37%), enquanto semiduráveis e não duráveis caíram 1,61%. Os bens intermediários responderam por -4,52 pontos percentuais da variação de -4,98% verificada em 2023. Os bens de consumo participaram com -0,34% p.p., sendo o restante de -0,12 p.p. ocasionado pelos bens de capital.
Extrativas e alimentos
Dois segmentos valem ser mencionados no último mês do ano. Por um lado, as indústrias extrativas voltaram à variação positiva em dezembro – alta de 2,3% -, movimento mais comum em 2023, mas com queda expressiva de -7,09% em novembro. O setor fechou o ano com variação de 9,12%, situação distinta da de 2022, marcado por deflação de -7,92%.
De acordo com o IBGE, o minério de ferro e seus concentrados são o grupo de produtos de maior peso no cálculo das indústrias extrativas (44,5%).Em todos os indicadores, enquanto a influência dos produtos de “extração de minério de ferro” foi positiva, a dos produtos de “extração de petróleo e gás natural” foi negativa.
Nos alimentos, em dezembro e pelo quarto mês seguido os preços subiram (0,58%), mas a média nos doze meses ficou negativa (-2,47%). Em 2022, houve alta de 5,03%. Até junho, o acumulado no ano era de -4,99% e, no segundo semestre, a trajetória de queda foi atenuada nos quatro últimos meses – entre setembro e dezembro o acumulado foi de 3,91%.
Em dezembro, o grupo Alimentos foi puxado pela alta do preço do arroz, atrelada à entressafra, que encarece o produto in natura para a indústria. O aumento da demanda externa explica em parte os preços mais caros do açúcar e as festas de final de ano, os do frango. Já a queda observada em “resíduos da extração de soja” está em linha com a oferta do grão no mercado externo.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil