A necessidade da diversificação e pulverização das atividades industriais no mundo, para o avanço das economias nacionais, com respeito ao meio ambiente, geração de empregos de qualidade e distribuição equânime de oportunidades, foi ressaltada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em seu discurso na abertura da cúpula dos líderes do Brics em Joanesburgo, África do Sul, nesta terça-feira (22/8). Haddad – que está acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem internacional – destacou a relevância da contribuição da África, da América do Sul e do Brasil nesse cenário.
Penso que a África e a América do Sul podem ser plataformas para a diversificação das atividades industriais globais”, Fernando Haddad
“Penso que a África e a América do Sul podem ser plataformas para a diversificação das atividades industriais globais”, afirmou Haddad. “O mundo vive um retrocesso do ponto de vista da globalização, mas isso pode significar um movimento de diversificação e pulverização das plantas industriais, oferecendo para os nossos povos salários e empregos mais dignos e qualificados, para que as oportunidades sejam distribuídas mais equanimemente”, disse. Segundo o ministro, é preciso investir na desconcentração de toda a produção em poucos estados nacionais.
Haddad ressaltou a importância do papel do Brasil nesse contexto e destacou o redirecionamento da política ecológica do país. “O presidente Lula, não só pela sua própria voz, mas pela nomeação da ministra Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente, sinalizou, a partir do primeiro dia do seu mandato, uma total reorientação de prioridades em torno da mudança climática, que, como todos sabemos, é um desafio global da maior importância”, afirmou. “O Brasil é um campeão da energia limpa”, acrescentou, exemplificando os avanços do país obtidos nessa área, como o início da produção de hidrogênio verde a partir da água e também do etanol.
Agricultura
O ministro da Fazenda chamou a atenção para a participação das universidades brasileiras na produção de tecnologias voltadas para as mudanças climáticas. “Nossa agricultura não está só produzindo alimentos nem só produzindo grãos, que são exportados para o mundo todo. Nossa agricultura hoje está produzindo energia. E o Brasil pretende ser fonte de energia limpa, para si próprio, porque é um país que pretende se reindustrializar, ou se neoindustrializar, mas também um país que pretende exportar energia limpa para o mundo, na forma de energia propriamente dita mas também na forma de produtos verdes”.
Haddad defendeu que, ao mesmo tempo em que dão andamento às prioridades internas, os países estejam atentos à realidade global. “É hora de pensar não apenas no plano doméstico e o Brasil tem procurado fazer as tarefas que lhe cabem para colocar sua economia como receptora de investimentos estrangeiros e de desenvolvimento sustentável, mas também olhar para o plano internacional”, disse, enfatizando a relevância da contribuição dos países que compõem o Brics nesse sentido, citando nominalmente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O ministro ressaltou que os brasileiros acreditam no multilateralismo e na diversidade cultural e que as oportunidades têm que ser melhor distribuídas em âmbito mundial. “Nós, brasileiros, acreditamos que os organismos internacionais precisam, de alguma forma, refletir esse novo contexto global, em que potências emergem, em que países se desenvolvem e modificam a face do planeta à luz da dinâmica econômica, social e política”.
Reforma Tributária
Em outro momento do discurso, Fernando Haddad lembrou que, embora o governo esteja apenas em seu oitavo mês, conquistas decisivas para o crescimento da economia foram obtidas e destacou a aprovação, em julho, pela Câmara dos Deputados, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, que trata da Reforma Tributária.
“O Brasil ansiava por uma racionalização do seu sistema tributário, que afastava investidores estrangeiros diante da sua complexidade. A partir de um amplo acordo com governadores, com a Câmara dos Deputados, com o Senado Federal foi possível fazer o primeiro teste do novo sistema tributário”. A PEC 45/2019 está em tramitação no Senado. A expectativa do Congresso Nacional e do Governo é de que a emenda constitucional sobre a reforma do sistema brasileiro de tributação do consumo seja promulgada até o fim de dezembro deste ano.
Cúpula do Brics
A cúpula dos líderes do BRICS em Joanesburgo – cujo tema central é “Brics e África: Parcerias para Crescimento Acelerado Mútuo, Desenvolvimento Sustentável e Multilateralismo Inclusivo” – está debatendo temas cruciais da economia global e da cooperação entre as nações em ascensão. O ministro Haddad deverá participar de encontros bilaterais para discutir questões de particular interesse da Fazenda, incluindo acordos econômicos e cooperação financeira entre o país e nações africanas. O Brasil almeja fortalecer e aperfeiçoar suas relações econômicas com os membros do Brics, com foco em discussões sobre o novo banco de desenvolvimento, como os planos para sua expansão.
“É importante que os países do Brics se unam em proveito desses valores comuns – o valor da liberdade, da soberania nacional, do mundo equilibrado, um mundo onde não há donos, mas povos soberanos, um mundo que busca oportunidades para toda sua gente, sem nenhum tipo de distinção de raça, de etnia, de gênero, de nacionalidade, de religião”, afirmou Haddad.
Fonte Ministerio da Fazenda
