Adary Oliveira, ex-presidente da Associação Comercial da Bahia, engenheiro químico e professor (Dr.)
O Fraturamento Hidráulico é uma técnica moderna utilizada para extrair petróleo e gás natural que consiste em injetar uma mistura de água, areia e aditivos químicos em alta pressão no subsolo para criar fissuras nas rochas que contêm petróleo ou gás. Essas fissuras permitem que o óleo e o gás sejam extraídos de forma mais eficiente.
A aplicação do “fraking” começou a ser aplicada de forma mais ampla nos Estados Unidos (EUA) no início do Século XXI e levou esse país da condição de maior importador de petróleo do mundo a maior exportador. Hoje os EUA produzem mais de 70% de seu petróleo e mais de 80% de seu gás natural utilizando essa técnica, com a qual obteve sua independência energética.
O fraturamento hidráulico se expandiu rapidamente para o Canadá e China e mais recentemente para a Argentina onde viabilizou a exploração da reserva de Vaca Muerta, na Patagônia, considerada a segunda maior do mundo de “shale gas”. No entanto, ele também tem sido alvo de controvérsias devido aos seus impactos ambientais e sociais. A Alemanha e a França têm estabelecido restrições à sua aplicação e no Brasil ele ainda é proibido, apesar das manifestações favoráveis do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Entretanto, como tantas outras técnicas quando começam a ser aplicadas apresentam seus prós e contras, discutidos principalmente nos órgãos de proteção ambiental. Existem vantagens e desvantagens na aplicação dessa nova técnica, sendo as principais favoráveis as seguintes: a) Aumento da Produção – O fracking, como é conhecido internacionalmente, permite a extração de petróleo e gás em quantidades que antes eram consideradas economicamente inviáveis; b) Independência Energética – Países que adotaram o fraturamento hidráulico, como os Estados Unidos, conseguiram reduzir a dependência de importações de energia; c) Criação de Empregos – A expansão da indústria de petróleo e gás gerou milhares de empregos, impulsionando a economia local. Apesar das vantagens, o fraturamento hidráulico enfrenta críticas e preocupações, incluindo: a) Impactos Ambientais – O uso intensivo de água e a possibilidade de contaminação de aquíferos são questões centrais. A injeção de produtos químicos no subsolo pode representar riscos à água potável; b) Terremotos Induzidos – Estudos têm mostrado que a injeção de fluidos no subsolo pode causar tremores de terra, levantando questões sobre a segurança das comunidades próximas; c) Emissões de Gases – O processo de fraturamento pode liberar metano, um gás de efeito estufa, contribuindo para as mudanças climáticas.
No Brasil, os campos de produção de petróleo e gás natural em terra estão na Bahia, Rio Grande do Norte e Amazonas, sendo os estados que apresentam maior potencial de exploração com uso do fraturamento hidráulico na atualidade. As rochas impregnadas de óleo e gás são atingidas através de perfurações horizontais a partir de poços existentes, de onde já se extraiu petróleo e gás natural. Além disso, a existência da infraestrutura de exploração, como oleodutos, gasodutos e vias de acesso, reduzem os investimentos, o que representam vantagens.
O que não se pode conceber é que essa enorme riqueza fique embaixo do chão, sendo aconselhável sua rápida exploração, antes que o petróleo e o gás natural deixem de ser a fonte principal de geração de energia e a indústria petroquímica continue a ser a principal supridora de materiais usados pelas civilizações.
Antes de dar o caso por encerrado o governo brasileiro deveria promover um amplo debate sobre o assunto. Os prós e contras aqui elencados não são os únicos e deveriam merecer maior aprofundamento, nada justificando a colocação de uma pedra em cima de assunto tão importante para o nosso desenvolvimento econômico e social.
Em caso contrário seremos condenados a conviver com a pobreza e a importar petróleo e gás natural produzidos em outros países, inclusive usando a técnica do fraturamento hidráulico,
O fraturamento hidráulico é uma tecnologia que revolucionou a indústria de energia, mas também trouxe à tona uma série de desafios e controvérsias. À medida que o mundo busca fontes de energia mais sustentáveis, é essencial considerar os impactos sociais e ambientais dessa prática. O debate sobre o fraturamento hidráulico é complexo e multifacetado, exigindo uma análise cuidadosa e um diálogo aberto entre todos os envolvidos.