As entidades empresariais se manifestaram contra o anúncio de elevação para 12,25% da taxa de juros pelo Banco Central anunciado pelo Copom.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou por meio de comunicado o aumento dos juros. “Trata-se da terceira alta consecutiva da taxa, agora em 12,25% ao ano. Para a CNI, manter o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro já configuraria um erro do Banco Central. Intensificar esse ritmo, como a autoridade monetária escolheu, portanto, não faz sentido no atual contexto econômico, marcado pela desaceleração da inflação em novembro e pelo pacote efetivo de corte de gastos apresentado pelo governo federal”, observa.
A CNI em sua nota disse que a decisão do Banco Central ignora a desaceleração da atividade econômica, já observada no PIB do terceiro trimestre, e a tendência de redução de juros nas principais economias globais, como os Estados Unidos, que partem para o terceiro corte seguido nos juros na próxima semana.
“Intensificar a alta da Selic, diante desse cenário, custa caro para a economia e para a população, pois significa menos investimentos e, consequentemente, menos emprego e renda. Para investir, os empresários precisam estar confiantes, o que depende, entre outros elementos, de um ambiente econômico positivo, para o qual a política monetária não tem contribuído”, diz.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas), disse em nota que era esperada a elevação da Selic e que a mesma ajudará a conter a inflação, que superou o teto da meta. Entretanto a entidade considera que a medida é prejudicial à produção e ao consumo. “No cenário atual, aumentar os juros, desestimula o investimento e impede a expansão da capacidade produtiva, assim como afeta diretamente o consumo e a demanda agregada, perpetuando os entraves estruturais ao desenvolvimento do país”, destacou o economista-chefe da entidade, Felipe Queiroz.
A Associação Brasileira da Indústria de Maquinas e Equipamentos, ABIMAQ, emitiu comunicado sobre o aumento da Selic. Na visão da entidade, após a reunião, o Copom manteve um tom duro, “com a sinalização de novas altas em janeiro e março, o que reflete uma postura excessivamente rígida. Embora compreendamos a necessidade de reforçar o compromisso com o controle da inflação e reconhecemos a seriedade dos desafios, acreditamos que é necessário ponderar os impactos de uma política monetária tão restritiva sobre o setor produtivo. A elevação dos juros encarece o custo do crédito, desestimula investimentos produtivos e afeta diretamente a competitividade da indústria nacional. Tornando o acesso ao financiamento para renovação de maquinário, expansão de capacidade e inovação tecnológica ainda mais difícil”, diz.
A nota também destaca que, embora a economia esteja apresentando um bom desempenho, “no momento, os efeitos da política monetária produzirão uma desaceleração no ritmo de crescimento. Apesar disso, não enxergamos uma recessão iminente. No entanto, é crucial que o Banco Central considere os danos colaterais que uma taxa de juros elevada pode causar. Reiteramos que a política monetária precisa ser calibrada com equilíbrio, garantindo que o combate à inflação não aconteça às custas do enfraquecimento estrutural da indústria, comprometendo investimentos estratégicos que impulsionam a produtividade e a competitividade do Brasil”.
Foto Marcello Casal Junior/Agência Brasil