Disputa sobre pré-candidatura só vale se tiver êxito nas urnas

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Adriano Villela


Em todo ano impar, a crônica política é movimentada pelas pré-candidaturas para o pleito seguinte. Em Salvador, bem como no interior, não foi diferente agora em 2023. O que me deixa intrigado é como aliados se enfrentam em torno da postulação a prefeito ou a vice como se fosse o mais importante para o fortalecimento de figuras públicas e partidos. Não raro, essa disputa tem mais engajamento do que na eleição propriamente dita.

O que leva, por exemplo, a atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede-AC), e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE), a tentarem por diversas vezes a presidência da República? Ambos poderiam se eleger deputado federal com tranquilidade e como grandes puxadores de voto, ou mesmo tentar o Senado ou para governador com mais chances. Parece que as candidatura à presidente foram os principais momentos da trajetória deles, quando em política o que vale mesmo é ganhar a eleição.

Vejam por exemplo o que aconteceu no PSDB. Em 2022, João Dória e Eduardo Leite renunciaram ao governo de São Paulo e Rio Grande do Sul em um duelo interno para tentar fazer a legenda voltar ao poder em Brasília. Com a terceira via sem força eleitoral e indecisa, os tucanos preferiram apoiar Simone Tebet (MDB). Leite reconheceu a queda e deu a volta por cima ao conseguir novo mandato para governar os gaúchos e é uma liderança nacional no PSDB. Dória apostou em uma candidatura sem viabilidade na disputa paulista e viu Rodrigo Garcia perder para o novato Tarcísio Freitas. Decidiu após as urnas se desfiliar da sigla.

Em toda eleição majoritária, há três tipos de candidatos. O primeiro é aquele que quer expor suas ideias, marcar posição, tipo o PSol na Bahia. O partido do deputado Hílton Coelho sempre concorre à prefeitura da capital e ao Palácio de Ondina. Tem uma cadeira na Câmara, onde levantou a ideia do mandato coletivo com a atual líder da oposição, Laina Crisóstomo, e uma cadeira na Alba com Hilton, que também concorre à presidência na Assembleia Legislativa. Vale a pena na busca por visibilidade.

Outro contingente é integrado por aqueles que visam aumentar seu capital eleitoral. O deputado federal Pastor Sargento Isidório concorreu à prefeitura em Candeias (2012) e Salvador (2016). Sequer teve chances de vencer nas duas, mas foi o federal mais votado em 2018. Como retorno, é um nome consolidado na política baiana. Um terceiro grupo de concorrentes nas eleições reúne os partidos e nomes mais fortalecidos. Estes deveriam focar apenas no caminho mais provável para sair como vencedor do pleito.

Neste grupo entram, em Salvador, tanto o prefeito Bruno Reis (UB) como a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Qual ganho teria Republicanos, PSDB e até mesmo o PDT da atual vice, Ana Paula Matos, caso ganhe a disputa para companheiro de chapa do prefeito se não houver êxito nas urnas? Para o vice-governador Geraldo Jr. (MDB) ou o deputado estadual Robinson Cavalcanti (PT) ou algum nome do PCdoB e PSB, encabeçar a chapa só terá relevância se for para conquistar o comando da maior cidade do estado. Somente a votação do primeiro e/ou último domingo de outubro de 2024 vai alterar o tabuleiro. Para quem for candidato e perder ficará só o desespero.

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