Dilemas da Petrobras

 

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.)

Destaco aqui dois importantes dilemas enfrentados pela Petrobras no que diz respeito aos seus compromissos junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e às restrições impostas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os desafios enfrentados pela empresa em relação a exigências dessas instituições governamentais e as possíveis soluções para conciliar seus interesses econômicos com a preservação ambiental, estão na ordem do dia. Por um lado, o CADE pressiona a estatal para cumprimento integral da lei do Petróleo (Lei nº 9.478/1997) no que diz respeito à quebra do monopólio sobre a exploração, produção e refino e, por outro lado, o Ibama retarda a autorização para que seja realizado o poço exploratório no bloco Margem Equatorial, necessário para ampliação das reservas provadas de petróleo e gás natural.

O CADE é o órgão responsável por garantir a livre concorrência e coibir práticas anticompetitivas e homologou um Termo de Compromisso de Cessação (TCC) com a Petrobras para desinvestimento de ativos da estatal no mercado de exploração, produção, refino e transporte de gás natural. Tal compromisso envolve a venda de 8 das 13 refinarias detidas pela companhia, ativos de exploração e produção operados por ela fora da região Sudeste, e ativos de gás natural e infraestrutura de transporte. A Petrobras anunciou que o processo de desinvestimento fazia parte da estratégia da companhia de maximização do valor do portifólio com foco em ativos de águas profundas e ultraprofundas, especialmente do pré-sal, e que tais ativos geram mais retorno para os investimentos realizados e são onde a estatal vem demonstrando grande diferencial competitivo ao longo dos anos. Essas vendas não deveriam ser realizadas sem o comprometimento da sua posição no mercado e sua capacidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento, além de estimular a concorrência ou a abertura de mercados.

Notícias veiculadas pelos principais jornais dão conta que a nova administração da Petrobras deseja reaver a posse de alguns dos ativos transferidos para outras companhias e para isso, deseja se desvencilhar do TCC assinado com o CADE, sendo esse seu principal dilema.

O Ibama é responsável por fiscalizar e controlar atividades potencialmente poluidoras que afetam o meio ambiente. A Petrobras, como uma empresa do setor de petróleo e gás, está sujeita a uma série de restrições e condicionantes ambientais. Isso inclui a necessidade de implementar medidas de prevenção e controle de poluição, realizar estudos de impacto ambiental e cumprir exigências específicas para cada projeto. Essas restrições podem aumentar os custos operacionais e atrasar o desenvolvimento de novos projetos. Depois do Ibama ter negado o pedido de licença ambiental da Petrobras para perfurar e iniciar os trabalhos de exploração na região da Margem Equatorial, a Petrobras passou a se preparar para uma avaliação pré-operacional dessa região, perto do Amapá, em um passo para obter autorização do órgão para realizar perfurações exploratórias.

A Petrobras enfrenta dilemas complexos ao tentar conciliar seus compromissos com o CADE e as restrições do Ibama. A empresa está sendo obrigada a se adaptar a um cenário de maior concorrência e abrir espaço para novos players no mercado. Deve também garantir a sustentabilidade ambiental e atender às exigências do Ibama. Esses desafios estão gerando tensões entre interesses econômicos e ações de preservação ambiental, exigindo uma abordagem equilibrada e estratégica.

Esses dois dilemas enfrentados pela Petrobras, entre outros tantos, são os mais significativos em relação aos seus compromissos com o CADE e as restrições impostas pelo Ibama. A conciliação entre interesses econômicos e ações de preservação ambiental é um desafio complexo, mas não impossível de ser superado. Com investimentos em tecnologia, parcerias estratégicas e diálogo constante com os órgãos reguladores, a Petrobras pode encontrar soluções que garantam seu crescimento sustentável e contribuam para a proteção do meio ambiente.

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