As inundações no Rio Grande do Sul voltaram a ser tema de audiência na Câmara dos Deputados. Reconstrução, adaptação às mudanças climáticas, retirada de gases de efeito estufa da atmosfera, plantio de árvores, moradia e geração de empregos foram alguns dos pontos abordados no debate realizado na Comissão de Legislação Participativa, a pedido das deputadas Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Talíria Petrone (Psol-RJ).
No encontro, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que a crise mostra a necessidade de estratégias que não são exclusivas do setor ambiental e chamou a atenção para o tipo de ocupação das cidades brasileiras.
“Historicamente as pessoas ocupam por vários motivos. Um deles é porque o terreno é mais barato. A população mais pobre acaba se sujeitando a isso, às vezes em uma área pública, em uma área sujeita a risco. Às vezes, são levadas por políticas públicas equivocadas, por processos de grilagem.”
Por sua vez, a deputada estadual no Rio Grande do Sul Luciana Genro (Psol) defendeu programas habitacionais que repensem a própria cidade.
“A tragédia pode ser um momento de aumento da segregação espacial. Porto Alegre é uma das cidades mais segregadas do Brasil, pessoas negras e pobres estão mais distanciadas da zona central da cidade. Ao mesmo tempo, temos imóveis privados e públicos vazios. O anúncio do governo de que vai adquirir imóveis para as pessoas que ficaram desabrigadas é importante.”
Em sua fala, a deputada Fernanda Melchionna criticou o “negacionismo climático” e o desmonte da legislação ambiental brasileira. Ela também anotou as sugestões recebidas na audiência, mas ressaltou que ainda há questões urgentes a serem resolvidas.
“A água, a assistência. É preciso lutar para que não parem as doações. Muita gente ainda está fora de casa.”
Na avaliação da deputada Talíria Petrone, só quando a água baixar é que vai ser possível saber o tamanho da tarefa necessária para garantir a vida da população do Rio Grande do Sul.
Da Rádio Câmara, de Brasília
Foto Defesa Civil/RS