O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), anunciou que já requereu à Justiça a condução coercitiva dos sócios da 123 Milhas, Ramiro e Augusto Júlio Soares Madureira, e de toda a diretoria da empresa para prestarem esclarecimentos ao colegiado no dia 6 de setembro, às 10h.
Ribeiro adiantou que, diante de nova ausência dos convocados, adotará as medidas cabíveis, incluindo um pedido de prisão preventiva dos sócios da empresa, como sugerido pelo deputado Caio Vianna (PSD-RJ).
“Tomaremos todas as medidas necessárias. Já estamos marcando e pedindo na Justiça a condução coercitiva para o próximo dia 06/09, quarta-feira, às 10:00, para o comparecimento dos dois sócios e de toda a diretoria da 123 milhas aqui no plenário da comissão. Caso exista ausência, tomaremos medidas legais regimentais e constitucionais e com certeza vamos apresentar o pedido que vossa excelência solicitou”.
Reconvocados a prestar esclarecimentos nesta quarta-feira (30), os sócios da 123 milhas enviaram novamente ofício por meio do advogado alegando que não poderiam comparecer à CPI por terem reunião agendada no mesmo horário no Ministério do Turismo. Eles já haviam deixado de comparecer no dia anterior (29). A defesa acrescentou que uma nova data poderá ser agendada a partir de 4 de setembro, com o compromisso de comparecimento dos empresários.
Ao anunciar a decisão, Ribeiro lamentou que a reunião com o ministro Celso Sabino tenha sido usada para “fugir” novamente do depoimento à CPI.
A 123milhas passou a ser investigada pelo colegiado após anunciar, no último dia 18, a suspensão de pacotes contratados da linha ‘Promo’, com embarques programados entre setembro e dezembro deste ano. Depois de ter anunciado um plano de reestruturação envolvendo demissões, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial (29).
Apesar das ausências, a CPI das Pirâmides Financeiras ouviu Saulo Gonçalves Roque, que negou ter atuado como operador da empresa MSK Operações e Investimentos, investigada por um golpe milionário com criptomoedas. A empresa teve os recursos bloqueados e está atualmente em recuperação judicial.
Roque rebateu a acusação dos fundadores da MSK que, em depoimento prévio ao colegiado, o acusaram de ter se apropriado de recursos da empresa, levando-a a deixar de remunerar seus clientes.
Contradizendo Saulo Roque, Christian Jardiel Braz, outro ex-empregado da MSK ouvido, afirmou à CPI que registros internos de compra e venda, e-mails e depoimentos do próprio Saulo Roque à polícia atestam que ele desviou recursos da MSK.
Em 2022, a Polícia Civil de São Paulo indiciou a MSK por pirâmide financeira e lavagem de dinheiro. Os policiais descobriram que a empresa “captou mais de US$ 1 bilhão e promoveu o desvio desses valores para carteiras em posse de pessoas ainda não identificadas”, prejudicando cerca de três mil clientes. A empresa prometia um retorno fixo de 5% em operações com ativos digitais, mas parou de pagar os investidores em dezembro de 2021.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Murilo Souza.
Foto Bruno Spada/Câmara dos Deputados