Por Alessandra Nascimento
A Argentina não tem vivido seus melhores momentos: com uma inflação de 138% ao ano, super desvalorização do peso – moeda local – , mais de 40% da população abaixo do nível da pobreza, saques a supermercados, praticamente diários, e falta de empregos. E ainda enfrenta problemas graves como as falsificações. Dos tradicionais alfajores e doces de leite até aos vinhos. A falsificação se supera a cada dia. E olha que o lado super negativo disto: a destruição da marca país. O melhor exemplo é o Malbec argentino conhecidíssimo em todo o planeta ele tem o 17 de abril, a data de comemoração do seu dia.
Deixa explicar melhor a falsificação de vinhos : um vinho barato na Argentina, tem seu rótulo trocado com o de uma marca mais cara e chega ao mercado internacional como se, de fato o fosse, enganando os desavisados e pouco conhecedores. Ou seja, compra-se um vinho pensando que está levando a qualidade e aroma do original.
Colocando as falsificações de lado recentemente o atual presidente Javier Milei declarou a intenção de dolarizar a economia, ou seja sai de cena o peso e entra o dólar.
Neste cenário que a Argentina se encontra agora vai ser uma tarefa para MacGyver (desculpe meninada, esqueci que vocês nasceram depois dos 90). MacGyver era um agente secreto, personagem de uma série que criava bomba com chicle de bola, fechava vazamento de ácido com chocolate, pegava reboque de parede para enganar leitura biométrica e por aí vai (deixa a titia aqui com suas memórias).
Tive de lembrar de MacGyver, porque o que Milei pretende fazer pode se transformar em “profissão perigo” (nome dado a série no Brasil na época). Tirar o peso e colocar o dólar não é para qualquer um. A atual Argentina tem seis tipos de dólares diferentes. E isso não é piada. Vou citar: Dólar poupança – é para o poupador argentino, que paga uma sobretaxa de 75% e tem limitação de compra de, no máximo, US$ 200 por mês.
O Dólar cartão usado para pagamento de serviços em dólares, como Amazon, etc. A cotação é similar a do dólar poupança e encargos de 75%. O Dólar turista que é usado em viagens ao exterior; o dólar bolsa usado em compra e venda de títulos financeiros. o Dólar CCL (contado com liquidação) usado em transações no exterior com troca de pesos pela moeda norte-americana. E, finalmente, o Dólar Blue que é o chamado dólar do mercado paralelo. Aquele que é negociado via cambistas nas ruas da capital Buenos Aires, principalmente no centro comercial e se você não tomar cuidado acaba levando “gato por lebre” – uma bela nota falsificada achando que fez um grande negócio.
Segundo o economista Carlos Alberto Rodrigues Junior, gerente de câmbio e líder mesa de operações, “Já se especulou inclusive que o dólar blue pode estar associado à lavagens de dinheiro, sonegação fiscal e, ate mesmo comércio de armas e drogas”, comenta. De acordo com o próprio economista, atualmente é o dólar blue que tem ditado a economia argentina. E essa sopa de letrinha tem sobrado até pro Brasil “Embora ainda hoje a Argentina se mantenha como o terceiro maior parceiro comercial, ano passado fechou 4,6% de representatividade de toda exportação brasileira, em tempos melhores essa representatividade já foi de 10%”
E pensando em parceiros comerciais, tem país na cola da Argentina, querendo o mercado brasileiro como parceira. Hoje no ranking, o primeiro deles é a China, seguido dos Estados Unidos. O terceiro, até o momento é a Argentina, mas na sua cola seguem os chilenos, que entendem o mercado brasileiro como de extrema importância para suas negociações, inclusive para comerciar vinhos. E eles são menos “cricrizentos” que os “hermanos” em mesa de negociação.
Como vemos, não é só a hiperinflação e o desemprego que Milei vai precisar enfrentar “como um leão”, como ele próprio disse em seu discurso quando eleito. Vai precisar arrumar a casa, começando pelo dólar. E tentar superar a tal “herança maldita” do Kirchnerismo que vai chegar com toda a força em seu colo assim que sentar oficialmente na cadeira presidencial.
Mas como Milei é economista… Sei lá! Milagres acontecem!