Cenário segue incerto pós Trump assinar tarifaço

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Alessandra Nascimento – Editora-chefe

Após Trump assinar o aumento das tarifas em 50% para produtos oriundos do Brasil comercializados em solo americano, o cenário ainda é incerto para a economia do país, em especial dos Estados exportadores para os EUA. A emblemática e histórica situação, na visão de especialistas é de recessão. Os governadores estão avaliando os impactos e possíveis medidas para mitigar a crise que vai deixar um prejuízo de R$ 19 bilhões nos estados, segundo levantou a Confederação Nacional da Indústria. A entidade empresarial ainda sinalizou que os estados como o Ceará e o Espírito Santo, que têm alta dependência do mercado americano, registram perdas de quase metade das exportações cearenses, ao passo que o mercado capixaba sofre com um terço das perdas. Já a Bahia vai ser impactada com perdas no PIB da ordem de R$ 1,8 bilhão para a economia, representando retração em 0,38% do PIB baiano.

Levantamento da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) mostram que a Bahia tem a China como principal parceiro comercial desde 2012, mas os Estados Unidos ocupam a terceira posição. Em 2024, enquanto a China representou 28,2% das vendas externas do estado e no primeiro semestre de 2025 o percentual alcançou já os 23,6%. O mercado norte-americano respondeu a 7,4% do destino total das exportações baianas em 2024 e com 8,3% no primeiro semestre de 2025.

A SEI ainda apontou que os setores mais afetados da economia baiana são: Pneumáticos, Derivados de Cacau, Químicos, com exceção de Tubos de plástico, Frutas, sobretudo manga, Ferroligas, Café, Pescado, Magnesita e Calçados.

Governador prega união
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, prega a união nesse momento dos diversos segmentos da sociedade. “O Brasil tem que estar unido. Todo mundo está vendo o prejuízo que o setor produtivo brasileiro está tendo. Cada empresa fechada ou que reduz seus investimentos e lucros por conta da tarifa representa desemprego. É uma cadeia que tira frutas, minério celulose, mel”, observa e acrescenta: “O mel é da agricultura familiar e atinge do grande ao pequeno. Espero que o presidente Lula consiga reverter isso agora em agosto”.

Jerônimo comentou que está conversando de perto com o setor produtivo. “Estive em Juazeiro e um agricultor disse que estava preocupado com as mangas. É a época de colheita e o tipo de manga que ele produz vai toda para os EUA. É altamente perecível junto com os pescados. O que podemos fazer é buscar novos mercados. Temos feito reunião dentro da FIEB tentando ouvir de mãos dadas o que podemos fazer enquanto governo. O problema atinge a todos”, relata.

Secretário Augusto Vasconcelos acompanha situação

O secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia, Augusto Vasconcelos, ponderou sobre a linha de atuação e reafirmou o compromisso com a busca de alternativas para a crise. “Nosso governo tem se reunido com o setor produtivo para encontrar caminhos que minimizem os impactos do tarifaço e as repercussões econômicas em nosso estado. Temos uma preocupação especial com o setor da fruticultura, que está sendo bastante atingido, notadamente a produção de manga e de café”, menciona. Ele diz que o governo da Bahia, juntamente com o governo federal, se empenham para encontrar alternativas. “Teremos reuniões na próxima semana em Brasília, o nosso governador terá agenda do Consórcio do Nordeste com os demais governadores da região, além da agenda com o presidente Lula e a equipe econômica do governo. Estamos tratando também medidas locais. Haverá nova reunião, na próxima semana, com o governador e a FIEB, em que algumas das perspectivas serão apresentadas. E estamos trabalhando para adotar caminhos que assegurem a manutenção do crescimento econômico em nosso estado e a preservação dos empregos, que é a prioridade para evitar qualquer prejuízo a nossa população”. Ele avisa que já há atuação na diversificação para o escoamento da produção para outros mercados nacionais e internacionais, além da adoção de outras medidas serão para mitigar os efeitos da decisão do governo norte-americano.

Foto: Gemini Googel/IA

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