Ano novo e velhos desafios: o que se pode esperar de 2024?

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Alessandra Nascimento

Ano Novo, velhos desafios – assim pode se definir o que se esperar de 2024. Controle da inflação, redução das taxas de juros, maior geração de emprego e renda, melhora na saúde pública e bastante otimismo, como impulsionador para a construção de novos caminhos. Dentro dessa visão, o Site Café com Informação vem desenvolvendo uma série de matérias e artigos que mostram como foi o ano de 2023 e o que deve ser enfrentado pelo Brasil não só em sua área interna mas, como um dos atores da geopolítica global. Conversamos com o economista e CEO da Corano Capital, Bruno Corano, que nos apresentou sua análise e nos mostrou possíveis alternativas para o próximo ano.

Site Café com Informação: Como se comportou a economia em 2023? Era o esperado se comparado a 2022?

Bruno Corano: A economia mundial se saiu melhor do que o esperado para 2023. No Brasil, as previsões indicavam um crescimento menor, juros mais altos e uma inflação persistente. No entanto, o crescimento superou as expectativas, ficando em torno de 3%, muito acima das previsões de cerca de 1%. Houve também uma distorção nos juros e na queda da inflação, que se mostraram melhores do que o previsto.

“o agronegócio foi um destaque, atingindo recordes e impactando positivamente o crescimento e a balança comercial”.

SCI: Quais setores mais chamaram a atenção positivamente e aqueles que decepcionaram?

Bruno Corano: No Brasil, o agronegócio foi um destaque, atingindo recordes e impactando positivamente o crescimento e a balança comercial. Internacionalmente, uma certa estabilidade no preço do petróleo foi destacada. O petróleo foi um grande balizador para conseguir conter a inflação mundial, especialmente nos mercados desenvolvidos. Setores como a hotelaria, que se recuperaram após períodos de baixa devido à pandemia, foram positivos. Por outro lado, indústrias que tiveram um boom durante a pandemia, como fabricantes de bens duráveis, agora sofrem com uma queda na demanda pós-pandemia, impactando negativamente.

SCI: Em 2022 o mundo já sofria os impactos da Guerra Rússia Ucrânia. Neste ano explode o conflito entre Hammas e Israel. Como fica a economia?

Bruno Corano: A economia internacional se comportou relativamente bem em 2023, mas as perspectivas para 2024 são mais incertas. A guerra na Ucrânia teve um impacto negativo na economia europeia, principalmente nos países que dependem do gás russo. No entanto, o impacto foi menor do que o esperado, devido à queda do preço do petróleo e à diversificação das fontes de energia na Europa.
O conflito entre Hamas e Israel também teve um impacto negativo na economia regional, mas não teve um impacto significativo na economia global. O principal risco para a economia internacional em 2024 é o de uma recessão nos Estados Unidos. Os juros americanos estão subindo para combater a inflação, o que pode levar a uma desaceleração da economia.

SCI:  Em relação à Reforma Tributária e seus impactos na economia nacional qual cenário se desenha para 2024?

Bruno Corano: A Reforma Tributária terá um impacto gradual e mais voltado para o médio a longo prazo, pois é um projeto de aplicação, trazendo organização e desonerando setores. No entanto, os efeitos imediatos podem não ser tão visíveis em 2024.
O curto prazo é muito mais gerar um sentimento de que o país hoje tem uma política mais organizada que permite que empresas venham pra cá. Então, deve desonerar e começar a trazer mais organização para esse processo.

SCI:  Qual a expectativa de encerramento da inflação em 2023 e como pode encerrar em 2024?

Bruno Corano: O IPCA-15, divulgado hoje pelo IBGE, que é como a prévia da inflação do país, ficou em 0,40% em dezembro e assim a inflação prévia de 2023 fecha em 4,72%, abaixo dos 5,90% de 2022. Para 2024, a projeção da inflação permaneceu em 3,93%
Essas projeções indicam uma expectativa de inflação em declínio para os próximos anos, embora permaneçam dentro das faixas estabelecidas para o cumprimento das metas estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional.

Foto CNA/Wenderson Araújo/ Trilux.

 

SCI:  Aquecimento global, mudanças climáticas, enfim, as questões ambientais protagonizam o cenário de discussões, com isso o que podemos esperar?

Bruno Corano: Em 2023, tanto o agronegócio quanto a indústria extrativa tiveram um bom desempenho, impulsionando o PIB. Para 2024, existem preocupações com questões ambientais, como mudanças climáticas que afetaram a produção em algumas regiões.
As questões ambientais, como mudanças climáticas e eventos extremos, já estão afetando setores como o agronegócio e o transporte. Esses impactos podem continuar a influenciar vários aspectos da economia, incluindo a produção e reconstrução de regiões afetadas.

SCI:  O ano de 2024 tem eleições no Brasil e EUA. Gostaria que comentasse sobre esses cenários distintos?

Bruno Corano: As eleições no Brasil (municipais) podem ser indicadores de polarização política, mas provavelmente não terão grande impacto econômico. Nos Estados Unidos, uma eventual vitória de Trump poderia trazer incerteza e instabilidade devido às políticas propostas e seu comportamento conflituoso com outros países, especialmente China e Rússia. No entanto, o sistema econômico americano possui mecanismos independentes que podem fornecer certo amortecimento.

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