Mesmo com o subsídio de R$ 67 milhões aprovado recentemente pela Câmara Municipal para o transporte coletivo, a cidade foi surpreendida com o anúncio de novo reajuste da tarifa pelo prefeito Bruno Reis, na noite de segunda-feira (29). Sem esconder a indignação, a vereadora Aladilce Souza (PCdoB), líder da bancada da oposição, criticou o que chamou de “postura autoritária”, por ignorar, mais uma vez, o Legislativo e os órgãos de controle social.
“É um absurdo esse anúncio agora, na véspera da virada do ano, com a Câmara em recesso. O subsídio que aprovamos, dado para os empresários de ônibus, é dinheiro público, é dinheiro do povo. Então o povo contribui com os impostos para pagar o subsídio ao transporte e ainda arca com o aumento. Quer dizer, o povo está sendo penalizado duplamente”, protestou. Em seu quinto mandato, Aladilce constata que a lógica do prefeito “é sempre de beneficiar, priorizar, proteger o empresariado, jogando o ônus nas costas da população”.
Bruno Reis, segundo ela, está repetindo o que fez no início deste ano, quando discursou para os vereadores e escondeu que no dia seguinte o povo teria aumento de passagem. “É a mesma prática de atropelar a Câmara e não enviar a planilha de custos para discussão sequer do Conselho Municipal de Transporte, que permanece inativo”, argumentou.
Transparência
Segundo a vereadora, não é justo que a população de Salvador tenha que arcar com mais esse reajuste: “Cerca de 30% da população já anda a pé porque não consegue pagar sequer a meia passagem. E o que foi feito do subsídio que aprovamos na Câmara justamente para cobrir a defasagem da tarifa? A prefeitura precisa abrir os números da planilha com transparência, ouvindo as autoridades no assunto para buscar formas de subsidiar o transporte”.
Não é possível, ainda na opinião de Aladilce, “que outras cidades consigam avançar economicamente e a nossa, a primeira capital do país, continue amargando a penúltima colocação no ranking do PIB das capitais brasileiras, desde a gestão de ACM Neto, sem conseguir diversificar a pauta econômica”. Ela considera fundamental conseguir suprir a necessidade de mobilidade da população, predominantemente pobre, entendendo o transporte como um vetor de indução do desenvolvimento.
Segundo o prefeito confirmou na entrevista, o reajuste atingirá tanto a tarifa pública, de R$5,60, paga pelos passageiros, quanto a técnica, a chamada tarifa real, com subsídio, calculada em R$6,19. Portanto, com R$0,59 de subsídio por passagem. A estimativa é de uma média de 14 milhões de passageiros por mês.
Foto Victor Queirós/Divulgação
