Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, em parceria com a Offerwise, revela um desafio crescente para o varejo nacional: a quase totalidade dos consumidores, 96%, realizou compras em sites internacionais nos últimos 12 meses anteriores a realização da pesquisa. Estima-se que entre esses, 68,1 milhões de pessoas compraram produtos importados ou enviados de outros países.
Enquanto isso, os marketplaces nacionais viram sua participação cair drasticamente, com uma queda de 18 pontos percentuais em relação a 2024, consolidando as plataformas estrangeiras como a Shopee (75%) e Shein (53%) como as preferidas.
O principal motivador para a compra em sites internacionais é o preço reduzido (43%), seguido pelo custo do frete (38%), variedade de produtos (37%), confiança no site (35%) e qualidade dos produtos (31%).
O ticket médio da última compra em site internacional foi de R$ 239. Nos últimos três meses, a média foi de 4 compras realizadas. As formas de pagamento mais utilizadas são PIX (54%), com destaque para as classes C/D/E, e cartão de crédito (49%), preferido pelas classes A/B.
Os itens mais adquiridos nos últimos 12 meses são Roupas (41%), Calçados (29%), Acessórios de moda (26%), Artigos para casa (24%) e cosméticos e perfumes (22%).
Impactos da nova taxa
A pesquisa aponta que 68% dos entrevistados estavam cientes da cobrança de 20% de imposto sobre compras internacionais acima de US$ 50. Após a implementação, 41% passaram a comprar menos ou pararam de comprar (18% pararam completamente), e 24% passaram a comprar mais em sites nacionais. A maioria (62%) discorda da cobrança, vendo-a como prejudicial para a baixa renda.
Apesar das críticas, um em cada quatro consumidores (25%) concorda com a nova taxação sobre compras internacionais, especialmente entre as classes A e B. Para esse grupo, a medida contribui para fortalecer o comércio nacional, equilibrando a concorrência entre vendedores brasileiros e estrangeiros. Mesmo diante das mudanças, o nível médio de segurança nas compras internacionais foi avaliado em 7, em uma escala de 1 a 10. Ainda assim, 47% dos entrevistados afirmam que, com a cobrança do imposto, comprar fora do país só compensa em alguns casos, enquanto 25% consideram que já não vale mais a pena.
Desafio para o Varejo Nacional
A pesquisa evidencia a consolidação dos marketplaces estrangeiros, impulsionada pelo preço baixo e pela forte presença digital, o que desafia a preferência por plataformas nacionais. No entanto, 60% dos consumidores afirmam que prefeririam comprar em sites nacionais se os preços e a variedade fossem semelhantes aos internacionais.
O hábito de comparação ainda é forte entre os consumidores brasileiros: metade dos entrevistados (50%) afirma sempre verificar se o produto desejado está disponível em sites nacionais antes de recorrer a plataformas estrangeiras. Além disso, 47% pesquisam o preço em lojas brasileiras para avaliar se realmente compensa comprar do exterior, demonstrando que o consumidor está cada vez mais atento ao custo-benefício e às vantagens de comprar dentro do país.
Apesar do desafio, a nova taxa de importação de 20% é o fator mais citado como desvantagem nas compras internacionais (42%). Outras desvantagens importantes são o tempo de entrega (33%) e o valor do frete (29%).
“Os dados confirmam que o preço e a variedade continuam sendo o principal motor da decisão de compra dos brasileiros, e é aí que os varejistas nacionais enfrentam o maior desafio. A queda de 18 pontos percentuais no uso de marketplaces nacionais é um sinal de alerta. Para reverter essa tendência, o comércio brasileiro precisa de um ambiente de negócios mais competitivo, com políticas públicas que diminuam a carga tributária e melhorem a infraestrutura de logística, por exemplo”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
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