Cerca de 3.679 municípios brasileiros não estão preparados para as mudanças climáticas

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A secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, disse que 3.679 municípios brasileiros de um total de 5.570 não estão preparados para as mudanças climáticas. Ela explicou aos deputados da Comissão de Meio Ambiente da Câmara que o governo está trabalhando em planos setoriais que favoreçam a mitigação do problema e a adaptação.

Na audiência pública, vários convidados e a deputada Socorro Neri (PP-AC) afirmaram que parcelas das autoridades públicas e da sociedade ainda não têm o “senso de urgência” necessário para enfrentar as mudanças climáticas:

“Auditórios como esse e maiores do que esse, lotados de parlamentares, de fato fazendo essa discussão. E aprovando as iniciativas parlamentares que tanto precisamos de forma urgente. Para regulamentar e apontar mecanismos para o cumprimento deste dever de casa que está passando do tempo”.

Ana Toni disse que 4 milhões de pessoas no Brasil foram afetadas por eventos relacionados às mudanças climáticas entre 2013 e 2022 como a redução das chuvas entre o centro e o norte do país e as inundações nas regiões sul e sudeste.

Essas mudanças, segundo ela, devem fazer com que 10,6 milhões de hectares relacionados à agricultura sejam perdidos até 2030. Muitas culturas terão que ser deslocadas de lugar.

Para Marcos Woortmann, do Instituto Democracia e Sustentabilidade, as autoridades públicas têm feito escolhas ruins do ponto de vista da segurança alimentar, privilegiando a agricultura de exportação. Ele lembrou que as mudanças climáticas devem tornar estas opções mais difíceis.

Segundo Wortmann, a soja recebeu R$ 56 bilhões em subsídios em 2022, enquanto a cesta básica teve metade disso. Ele também citou o exemplo dos investimentos na Ferrogrão, ferrovia que busca escoar os produtos de exportação.

“E quando o Brasil escolhe investir na Ferrogrão e não investir em interligações periurbanas que permitiriam ao agricultor familiar trazer sua produção diretamente, sem passar por intermediários, em pequenos centros… Essa é a consequência”.

Woortmann pediu aos parlamentares que revejam a permissão para que as propriedades rurais localizadas no Cerrado possam desmatar até 80% dos seus espaços.

Patrícia Pinho, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, lembrou que o Acordo de Paris, de 2015, tinha o objetivo de estabilizar o aquecimento global em 1,5 grau, no máximo 2. A comparação é com a média do período pré-industrial, entre 1850 e 1900.

Segundo Patrícia, quase 40% da população global já vive em regiões que, nos últimos dez anos, experimentou a meta de aquecimento aceitável.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Silvia Mugnatto Foto Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

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