A vereadora Marta Rodrigues (PT) voltou a criticar, nesta quarta-feira (31), a política econômica adotada pela Prefeitura de Salvador e afirmou que a população está sendo alvo de um verdadeiro tarifaço em série. Segundo a parlamentar, poucos dias após anunciar o aumento da tarifa de ônibus, o prefeito voltou a penalizar os soteropolitanos ao elevar o IPTU e a taxa do lixo, demonstrando, mais uma vez, desprezo com quem vive e trabalha na cidade.
Para Marta, o encadeamento das medidas não é coincidência, mas revela uma lógica de governo que transfere sistematicamente o custo da má gestão para a população. “Logo depois de aumentar a passagem de ônibus, o prefeito anuncia reajuste do IPTU e da taxa do lixo. É um ataque direto ao bolso do povo. Salvador vive um tarifaço que não para, enquanto os serviços públicos continuam precários”, afirmou.
“Verdadeiro tarifaço: aumento de ônibus, IPTU e taxa do lixo mostra o desprezo do prefeito com a população”, diz Marta Rodrigues
No caso do transporte coletivo, a vereadora lembrou que o reajuste ocorre em um contexto de ampliação contínua dos subsídios e das renúncias fiscais concedidas às empresas concessionárias, sem qualquer retorno concreto para os usuários. “O povo paga duas vezes. Paga com os impostos, que bancam subsídios milionários, e paga novamente no bolso, com o aumento da tarifa. Em 2024, foram mais de R$ 22 milhões em renúncias fiscais e cerca de R$ 106 milhões em subsídios. Para 2025, esses valores aumentam e, para 2026, a previsão chega a aproximadamente R$ 130 milhões de dinheiro público despejado no sistema, sem contrapartida real, sem melhoria do serviço e sem respeito ao usuário”, disse.
Marta também criticou a forma como o reajuste foi anunciado, repetindo uma estratégia já conhecida. “O aumento sempre vem na surdina, depois que os subsídios já foram aprovados e em momentos em que a população tem menos capacidade de reação. Isso não é acaso, é método. O Executivo decide sozinho, sem diálogo com a Câmara, sem transparência e sem ouvir quem enfrenta diariamente um transporte caro e ruim”, afirmou.
A parlamentar destacou que, apesar do volume crescente de recursos públicos destinados ao setor, a realidade enfrentada por quem depende do ônibus é de precariedade. “Ônibus sucateados, superlotados, atrasos constantes e promessas que nunca se cumprem, como a frota totalmente climatizada. Ao mesmo tempo, a Prefeitura retirou mais de 100 linhas de ônibus nos últimos anos, decisões tomadas sem diálogo e que aumentaram o tempo de deslocamento de milhares de pessoas”, ressaltou.
Segundo Marta, os impactos dessa política recaem de forma mais cruel sobre a população trabalhadora, especialmente as mulheres e os moradores da periferia. “São mulheres que precisam pegar dois, três ônibus por dia, estudantes que passam horas em deslocamento e famílias inteiras que perdem tempo, renda e qualidade de vida. Esse modelo aprofunda desigualdades e castiga quem mais precisa do transporte público”, afirmou.
A vereadora também relacionou a crise do transporte aos dados do Censo Demográfico de 2022. “Os números do IBGE mostram que cerca de 17% dos soteropolitanos vão caminhando para o trabalho e que aproximadamente 40% dos deslocamentos na cidade são feitos a pé. Isso não é opção sustentável ou planejamento urbano. É desistência. As pessoas abandonaram o transporte público porque ele é caro, ineficiente e não atende às necessidades da população”, disse.
Para Marta, o aumento do IPTU e da taxa do lixo, anunciado logo após o reajuste da tarifa de ônibus, escancara o distanciamento da gestão municipal da realidade da cidade. “O prefeito passa por cima do povo, aumenta tarifa, aumenta imposto e demonstra que não se importa com o impacto dessas decisões na vida das pessoas. Ele governa como quem não deve satisfações à população”, criticou.
A parlamentar afirmou que o tarifaço é ainda mais simbólico por ser imposto justamente no fim do ano. “No momento em que as famílias tentam renovar as esperanças, fazer contas para o novo ano e buscar um pouco de alívio, a Prefeitura entrega aumento de passagem, aumento de IPTU e aumento da taxa do lixo. É assim que o prefeito encerra o ano: impondo um tarifaço e virando as costas para a população de Salvador”, destacou.
Foto Reginaldo Ipê/Câmara Municipal de Salvador
