Alessandra Nascimento
Editora-chefe
Mudanças climáticas, Energia renovável, economia criativa. Uma série de mudanças em curso na economia mundial e com isso a necessidade de se mudar mentalidades. Lidar com a proatividade e investir na inovação como forma de alcançar o desenvolvimento pleno e sustentável. Para se ter uma ideia da importância do tema credita-se que a economia verde possa gerar um acréscimo de R$ 2,8 trilhões ao PIB brasileiro até 2030 e novos 2 milhões de empregos. Outro ponto que requer atenção e falamos em números advém da economia do mar. Atualmente ela emprega cerca de 21 milhões de pessoas e gera mais de R$ 530 bilhões em salários e tem grande potencial de crescimento.
Salvador é a capital baiana com grande potencial para desenvolvimento econômico. Seja o advindo da economia do mar (ou também chamada economia azul), quanto a economia criativa e a sustentabilidade. A palavra-chave para tudo isso é comprometimento. As eleições municipais de 2024 trouxeram perspectivas que se abrem a partir de 2025 e com ela discussões ganharão maior peso nas tratativas políticas e econômicas do município.
O Site Café com Informação esteve conversando com o vereador reeleito André Fraga. Foram mais de 14 mil votos que o político do partido verde recebeu. A entrevista aconteceu no Colabore, um espaço de coworking público dentro do Parque da Cidade. A entrevista discorreu de temas da pauta climática até a sua visão para o novo mandato que se inicia ano que vem e o legado que o político vem deixando e impactando na vida de milhares de soteropolitanos.
Site Café com Informação: O que que a gente pode esperar desse seu novo mandato?
André Fraga: Temos mais experiência agora. Entendemos como funciona todo o processo da Câmara Municipal, nem tudo é articulação política. É preciso fazer uso da experiência para o desenvolvimento de pautas que sejam importantes e ressignifiquem a cidade. Novas pautas foram incorporadas e percebemos que foi ao longo desses anos que conquistamos a confiança do eleitorado. Em um mês não se ganha eleição mas o trabalho que se desenvolve ao longo dos anos é o que certifica o mandato. Estamos cientes de muitas coisas que ganharam com a relevância na reta final do nosso primeiro mandato e, por exemplo, a lei de acesso a cannabidiol que ainda não foi devidamente implementado para atender o tratamento de pessoas com deficiência de forma geral. Também temos a mobilidade ativa, dentre outros.
A economia do mar é uma pauta fundamental para Salvador porque a Baía de Todos os Santos é a segunda maior do planeta e o soteropolitano tem uma conexão natural com o mar.
Vereador André Fraga
SCI: Nossa entrevista acontece no Colabore, um exemplo da sustentabilidade e economia criativa, o que você prospecta para os próximos anos?
AF: A economia do mar é uma pauta fundamental para Salvador porque a Baía de Todos os Santos é a segunda maior do planeta. O soteropolitano tem uma conexão natural com o mar. Tivemos projetos aprovados como o da cultura oceânica nas escolas para que nossa gente compreenda todos os fatores que envolvem a relação do ser humano com o oceano e não apenas o lazer, mas o turismo, a sustentabilidade. Temos a observação de baleias associada com a questão da economia náutica, a questão da pesca, as marisqueiras, enfim todo um segmento girando em torno de uma indústria que tem imensa capacidade de impulsionar a economia. Há o Porto de Salvador e a produção de outras cadeias econômicas então falamos em vários elementos que muitas vezes o cidadão de Salvador desconhece. É interesse do mandato se aprofundar nesse assunto, ajudar a cidade a entender melhor essa relação que inclusive se conecta com crise climática.
SCI: A crise climática tem cada dia ganhado mais espaço nas pautas mundiais. Como está a capital baiana neste tema?
AF: Salvador vem sendo diretamente impactada pelos efeitos da crise climática que só faz aumentar. O nível dos oceanos vem aumentando e a capital baiana é uma península sujeita aos efeitos de sua própria geografia. A Cidade Baixa tem muitos problemas de drenagem e quando ocorrem chuvas fortes fica intransitável. Como nossa cidade vem se preparando para vivenciar esses problemas que a cada dia aumentam? Este contexto já está colocado na mesa e no tocante a crise climática alguns aspectos são irreversíveis e adaptar Salvador nesse processo é fundamental .
SCI: Você foi eleito vereador pelo Partido Verde com mais de 14 mil votos. Gostaria que você comentasse um pouco sobre essa votação expressiva.
AF: Temas como a inclusão, acessibilidade e meio ambiente fazem parte da vida das pessoas. Sou há mais de 20 anos filiado ao Partido Verde. Tenho Doutorado na área ambiental e essa agenda se torna uma imensa responsabilidade para o mandato. Também traz esperança para muitas pessoas. Eu ouvia muitos dizerem durante a campanha que não gostavam de política, mas ao acompanhar o nosso trabalho se viram representados e voltaram a acreditar na política. Por isso, para mim, trata-se de muita responsabilidade. O volume de votos que recebemos, vale lembrar, foi de uma candidatura que não tinha uma estrutura econômica poderosa por trás, que não é de um influenciador digital ou de um jornalista, muito menos com uma estrutura religiosa. Foi muito desafiador trabalhar e o retorno do público veio a partir do conhecimento do trabalho do primeiro mandato e a campanha é a época de colheita.
SCI: Nos últimos dias se especulou seu nome como secretário. Como ficou essa história?
AF: Não houve convite e não há planos para assumir uma secretaria. O mandato vai trabalhar em cima das pautas que foi eleito para representar. Eu me inspiro em muitas pessoas que fazem a diferença e acredito que estamos no caminho certo e que iremos desenvolver um bom trabalho em Salvador nos próximos quatro anos.
Foto: Alessandra Nascimento/Café com Informação