Adriano Villela
A definição, pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) e os partidos da sua base, da pré-candidatura a prefeito do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) começa a desenhar um cenário que pode ser um marco – até decisivo – no pleito da capital em 2024: antigos aliados vão se enfrentar pela mesma cadeira. Em 2020, na atípica eleição ocorrida em novembro por causa da pandemia de Covid-19, o emedebista e o atual prefeito, Bruno Reis (UB), estavam na mesma coligação.
Em fevereiro de 2021, Geraldo Júnior foi reconduzido na presidência da Câmara Municipal com apoio da bancada governista. O rompimento se deu em 2022, quando o então vereador fechou questão no apoio ao então candidato a governador Jerônimo Rodrigues.
Velhos conhecidos, Bruno Reis e Geraldo Júnior vão depender ainda mais de uma boa estratégia de marketing eleitoral se o confronto realmente acontecer. O prefeito ainda não bateu o martelo, mas deve concorrer à reeleição, uma vez que o único nome posto no seu grupo, o deputado federal Leo Prates (PDT), é apontado como nome forte apenas para 2028.
Os dois principais nomes na corrida para o Palácio Thomé de Souza me lembram o ex-secretário e ex-deputado Zezéu Ribeiro (PT), que já se encontra em outra dimensão. Comecei no jornalismo político cobrindo a Câmara Municipal em 1997, pela Tribuna da Bahia. Naquela legislatura, Zezéu era líder da oposição. Na eleição estadual de 1998, fui setorista do antigo Prona e do PT, que tinha como candidato a governador o próprio Zezéu. Foram tantas matérias com o mesmo político que ele sabia meu modo de perguntar e eu o dele de responder. Surpresas eram raras.
Bruno e Geraldo conhecem pontos fortes e fracos um do outro, a forma que cada um tem de negociar e de conduzir a política nos bastidores. Têm, ambos, trunfos e vulnerabilidades decorrentes deste fato. Assemelham-se neste aspecto quando, no futebol, um time enfrenta seu antigo técnico. O treinador conhece a maioria dos atletas adversários e estes sabem a forma do ex-técnico armar o jogo.
Saber se posicionar neste jogo em que os dois lados estão mais expostos por terem sido aliados e em meio a uma sociedade informacional em que a visibilidade é ampliada pela tecnologia tem tudo para ser crucial na disputa que se avizinha.
Foto: arquivo/Antônio Queirós/Camara Municipal de Salvador