Aumentou de 13% para 38% o total de consumidores que desistiram de comprar em sites internacionais por causa do custo com o Imposto de Importação. É o que destaca a pesquisa Retratos do Brasil, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) à Nexus, e divulgada nesta segunda-feira (27). O levantamento compara dados sobre hábitos de consumo da população em maio de 2024 com outubro de 2025.
Segundo o superintendente de Economia da CNI, Marcio Guerra, o impacto da taxação de 20% sobre as importações de até US$ 50 é positivo para a indústria brasileira, que está sujeita a condições desiguais de competição com outros países.
“A implementação do Imposto de Importação é o início de um processo que busca trazer mais justiça e competitividade para a indústria nacional. No entanto, o imposto ainda está em um patamar muito aquém do necessário para chegarmos a esse equilíbrio, pois a carga tributária de outros países é muito menor que a nossa”, avalia.
A desistência por causa do imposto chegou a:
– 51% entre as pessoas com ensino superior;
– 46% entre aqueles com 16 e 24 anos ou 25 e 40 anos;
– 45% entre os que ganham mais de cinco salários mínimos;
– 42% entre os vivem na região Nordeste.
Segundo a pesquisa, a desistência por causa da “taxa das blusinhas” fez subir de 22% para 32% o número de pessoas que foram atrás de um produto similar com entrega nacional. O percentual de consumidores que procuraram um item parecido em loja física passou de 13% para 14%, enquanto a quantidade de pessoas que buscaram item similar em outro site ou aplicativo internacional cresceu cinco pontos percentuais, de 6% para 11%. A desistência definitiva caiu de 58% para 42%.
ICMS também é barreira para importações
Também aumentou, de 32% para 36%, o total de consumidores que deixaram de importar por causa do custo com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O percentual de desistência cresce entre as pessoas com ensino superior (48%); os mais jovens (45%); aqueles que ganham mais de cinco salários mínimos (41%); e os que vivem no Nordeste (41%).
Entre os consumidores que abandonaram uma compra internacional por causa do custo do ICMS:
– Aumentou de 26% para 34% o percentual daqueles que procuraram um similar com entrega nacional;
– Caiu de 17% para 14% o total dos que buscaram um similar em loja física;
– Cresceu de 5% para 9% o percentual dos que procuraram comprar um similar de outro site ou aplicativo de varejo internacional;
– Caiu de 51% para 41% o percentual dos que desistiram definitivamente do item.
Frete caro e prazo de entrega demorado também inibem importações
O preço do frete internacional e o prazo de entrega demorado também foram motivos para que boa parte dos entrevistados desistisse de fazer compras internacionais no último ano. 45% dos compradores abandonaram pedidos ao saberem do custo do frete, um aumento de cinco pontos percentuais em relação à pesquisa realizada em maio do ano passado.
“Isso pode sinalizar um avanço na racionalidade do consumidor brasileiro na hora da compra, ou seja, a ‘taxa da blusinha’ trouxe reflexões que antes desapareciam por conta do tamanho da diferença dos preços”, afirma Marcio Guerra.
Outros 32% desistiram de comprar em plataformas internacionais ao descobrirem o prazo de entrega do produto. Em maio de 2024, o percentual era de 34%. A desistência sobe para 43% entre aqueles com ensino superior; 40% entre as pessoas de 25 a 40 anos; 39% entre os que ganham mais de cinco salários mínimos; e 36% entre os moradores da região Sul.
Uso pessoal foi principal motivo para importação
A pesquisa também quis saber qual a finalidade das importações. Três em cada quatro (75%) dos entrevistados disseram que todos os produtos foram para uso pessoal. O número sobe para:
– 90% entre os cidadãos com mais de 60 anos;
– 84% entre os moradores do Norte/Centro-Oeste;
– 82% entre os que ganham de um a dois salários mínimos;
– 81% entre as mulheres e aqueles com ensino fundamental completo.
Por outro lado, apenas 10% dos entrevistados compraram todos os itens para uso no trabalho, percentual maior entre os moradores da região Sul (19%); pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos ou que têm entre 25 e 40 anos (15%); homens (14%) e cidadãos com ensino superior (12%).
Apenas 2% dos consumidores importaram produtos pensando em revenda.
Foto Iano Andrade/CNI
