Silvicultura extrativismo cresce 11,2%

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O valor da produção florestal atingiu em 2023 o recorde de R$ 37,9 bilhões, com alta de 11,2% e produção em 4.924 municípios. O valor da produção da silvicultura continua superando o da extração vegetal, o que ocorre desde o ano 1998. A silvicultura manteve a trajetória de crescimento dos últimos anos ao atingir o valor de R$ 31,7 bilhões, alta de 13,6% em relação ao alcançado em 2022. Os dados são da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2023, divulgada hoje (26), pelo IBGE.

A pesquisa mostra também que a extração vegetal se manteve estável, com variação de 0,0% em relação ao ano anterior, quando havia variado 0,2%. Assim, o valor de produção alcançado em 2022 se manteve em R$ 6,2 bilhões.

“Podemos analisar que muito desse crescimento no valor da produção da silvicultura vem dos preços dos produtos. Percebemos aumentos na quantidade produzida de produtos, mas o principal fator foram os preços. Como um exemplo, a madeira em tora cresceu 3,0% em quantidade e 28,1% em valor”, destaca o gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes.

O pesquisador explica, ainda, que persiste a tendência de crescimento da silvicultura no valor de produção do setor em detrimento ao extrativismo vegetal. O que não significa que a extração vegetal esteja diminuindo e, sim, que o valor dos produtos da silvicultura esteja crescendo. Em 2023, a silvicultura teve participação de 83,6% no valor da produção florestal enquanto a extração vegetal registrou 16,4%. Essa distribuição havia sido de 81,5% e 18,5%, respectivamente, em 2022.

Em 2023, houve acréscimo de 2,5% nas áreas de florestas plantadas no país, ou mais 238,0 mil hectares. A área total da silvicultura é de 9,7 milhões de hectares, dos quais, 7,6 milhões são de eucalipto, usado predominantemente na indústria de papel e celulose. Juntos, eucalipto e pinus foram responsáveis pela cobertura de 96,3% das áreas de silvicultura para fins comerciais no país.

Entre as regiões, Centro-Oeste (13,5%), Sudeste (1,1%) e Norte (0,2%) apresentaram crescimento em 2023 enquanto pequenas reduções, de 0,5% e 0,1%, foram observadas nas regiões Nordeste e Sul, respectivamente.

“Um destaque observado pela pesquisa em 2023 foi esse crescimento em direção ao Centro-Oeste, principalmente o Mato Grosso do Sul que aumentou a área com silvicultura e assumiu a segunda maior área de florestas plantadas. Isso não necessariamente sinaliza uma substituição de outras áreas, mas uma expansão”, salienta o gerente de Agricultura do IBGE.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a celulose ocupou o décimo lugar no ranking das exportações totais do país em 2023 (2,3%), com 19,1 milhões de toneladas exportados, que geraram 7,9 bilhões de dólares, uma redução de 5,3% em relação a 2022.

O setor da madeira em tora para papel e celulose permanece com tendência de alta, atingindo o valor de R$ 11,7 bilhões, crescimento de 19,4% no valor da produção, após o crescimento de 35,4% registrado no ano anterior. “O Brasil é o maior exportador mundial de celulose. Os principais destinos em 2023 foram China, Estados Unidos, Países Baixos e Itália”, pontua o pesquisador.

A participação dos produtos madeireiros segue preponderante no setor da silvicultura, representando 98,2% do valor da produção florestal. O conjunto dos produtos madeireiros com origem em áreas plantadas para fins comerciais registrou aumento de 15,4% no valor da produção, enquanto naqueles decorrentes da extração vegetal o aumento foi de 0,5%.

Entre os produtos madeireiros da silvicultura, houve registro de crescimento do valor da produção em todos os grupos, sendo mais acentuado na lenha, que aumentou 20,6%. O valor da produção da madeira destinada à fabricação de papel e celulose cresceu 19,4%; o carvão vegetal, 6,5%; e a madeira em tora para outras finalidades 16,2%.

A extração vegetal registrou aumento no valor gerado em 2019 (6,8%), 2020 (5,8%) e 2021 (31,6%), mas em 2022 registrou redução de 0,3% e em 2023 apresentou uma pequena redução de R$ 132 mil em valores correntes. Enquanto os produtos madeireiros respondem pela quase totalidade do valor da produção da silvicultura (98,2%), na extração vegetal esse grupo representa 64,2%, seguido pelos alimentícios (29,9%), ceras (3,6%), oleaginosos (1,6%) e outros (0,7%).

Extração vegetal gera R$ 6,2 bi em 2023

Em 2023, o valor da produção obtido por meio da extração vegetal apresentou uma redução de R$ 132,0 mil, totalizando R$ 6,2 bilhões, o que evidencia certa estabilidade em relação a 2022. Dos grupos de produtos que compõem a exploração extrativista na pesquisa, foram registrados decréscimos no valor da produção de ceras (18,8%), gomas não elásticas (100,0%) e nó-de-pinho (8,7%).

O grupo dos produtos madeireiros, que apresentou a maior participação no valor da produção do extrativismo (64,2%), registrou um pequeno aumento de 0,5% frente ao ano anterior, após uma redução de 0,2% em 2022. Portanto, mostrou uma estabilidade nos últimos três anos. Até 2020, a exploração extrativista de madeira vinha perdendo espaço no País, sendo gradativamente substituída pela originada em florestas cultivadas. Entretanto, em 2021, houve um grande aumento influenciado pela produção de madeira em tora.

Os estados de Mato Grosso e do Pará responderam, juntos, por 62,6% da quantidade total extraída de madeira em tora, representando 79,1% do valor da produção desse produto. O Pará, que em 2022 voltou a ultrapassar Mato Grosso, permanece como o maior produtor de madeira em tora também em 2023, alcançando 5,0 milhões de metros cúbicos, com um aumento de 5,0% em sua extração.

Açaí e erva-mate mantêm maior valor de produção

Em 2023, a soma do valor da produção dos produtos não madeireiros registrou redução de 0,9%, totalizando R$ 2,2 bilhões. O grupo de produtos alimentícios, o maior entre os produtos não madeireiros da extração vegetal, apresentou aumento do valor da produção (0,9%), totalizando R$ 1,85 bilhão.

O açaí amazônico é coletado de uma palmeira nativa regional, concentrando 92,1% de sua extração na Região Norte. Em 2023, essa produção foi de 238,9 mil toneladas, 3,3% abaixo da obtida no ano anterior. Em termos de valor nominal, apresentou aumento de 2,8%, totalizando R$ 853,1 milhões. O Pará registrou a maior produção de açaí, com 167,6 mil toneladas, o que representa 70,2% do total nacional. Com o aumento de 1,7% na quantidade e de 1,4% no valor da produção, essa unidade da federação alcançou R$ 651,1 milhões.

No ranking dos 10 municípios que registraram os maiores volumes, em 2023, oito são paraenses, sendo que o município de Limoeiro do Ajuru segue ocupando a posição de maior produtor nacional de açaí extrativo, respondendo, sozinho, por 21,3% do total nacional, com uma variação positiva de 2,0% em relação a 2022.

A extração de erva-mate, que se concentra na Região Sul, gerou o segundo maior valor da produção entre os produtos não madeireiros, com R$ 589,6 milhões, registrando redução de 9,1% na comparação com 2022. A produção foi de 425,8 mil toneladas, com diminuição de 3,6% frente ao ano anterior. No Paraná, que detém 87,0% da produção nacional, encontram-se as 10 municipalidades que obtiveram a maior produção de erva-mate em 2023, destacando-se São Mateus do Sul como a de maior volume extraído, com 15,3% do total nacional, e com um crescimento de 3,2% em relação ao divulgado na pesquisa anterior.

Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

Informações IBGE

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