A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia divulgou a Carta de Conjuntura referente ao terceiro trimestre de 2025, fazendo um balanço da atividade econômica no período, com uma análise detalhada sobre o desempenho da economia baiana, assim como cenário nacional e internacional do período, atendendo ao objetivo precípuo da Coordenação de Acompanhamento Conjuntural de acompanhar e analisar o comportamento dos principais indicadores setoriais da economia baiana, objetivando subsidiar o processo de tomada de decisão dos diversos agentes econômicos, em especial o Sistema Estadual de Planejamento.
Nesta edição, a Carta destaca que a economia baiana cresceu 2,2% no terceiro trimestre de 2025 na comparação com o mesmo período de 2024. Considerando-se a série com ajuste sazonal (terceiro trimestre de 2025 em relação ao segundo trimestre de 2025), o resultado foi de 0,4%. No acumulado do ano – janeiro a setembro –, o PIB registrou acréscimo de 2,7%.
Essa percepção de crescimento é reforçada quando se observa o avanço sincronizado da agropecuária (+12,4%), indústria (+0,9%), e do setor de serviços (+0,9%). O persistente cenário de juros elevados, inflação ainda acima da meta, elevado nível de endividamento, inadimplência e a incerteza diante do “tarifaço” do governo americano impactaram negativamente a confiança de empresários e consumidores com reflexo sobre o PIB da Bahia no período reduzindo seu ritmo, mas não alteraram a sua trajetória.
No que diz respeito ao ritmo da atividade econômica na Bahia, as pesquisas sazonais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram movimento de expansão período de julho a setembro de 2025, também com ritmos de crescimentos diferenciados.
Nesse contexto, a indústria baiana (extrativa e de transformação) com base no indicador da produção física ajustado sazonalmente, recuou 1,6% no terceiro trimestre de 2025, em relação ao segundo trimestre, evidenciando um declínio da trajetória do indicador por dois trimestres consecutivos. Nos serviços, o volume verificado na Bahia foi de retração de 1,1% também com ajuste sazonal, acusando, mesmo com o indicador negativo, um ritmo melhor que no trimestre anterior que era negativo em 2,2%
Já no comércio varejista, na análise trimestral, os resultados mostraram um movimento ascendente, com crescimento de 1,9% no trimestre com ajuste sazonal, atribuído a melhora na expectativa do consumidor, baseada na manutenção de um forte mercado de trabalho e recente alívio da inflação.
Quanto a produção de grãos em 2024, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado pelo IBGE, de outubro de 2025, estimou uma produção de cereais, oleaginosas e leguminosas acima de 12,8 milhões de toneladas, o que representa uma expansão de 12,8% na comparação com a safra de 2024, novo recorde histórico para a Bahia.
No âmbito do comércio exterior, com o impacto da queda de 24,6% no volume embarcado e de 7,2% nos preços médios, dados preliminares sobre as exportações baianas, acusam recuo de 16,3% nas vendas no terceiro trimestre, comparado a igual período de 2024, passando para US$ 2,76 bilhões. O principal fator por trás dessa queda continua sendo a nova realidade global marcada por incertezas sem precedentes pós tarifaço dos EUA a diversos países, com a consequente desaceleração do crescimento econômico global. Já as importações baianas, cresceram 2,4%, tendo desempenho inverso ao das exportações.
A desaceleração registrada por alguns setores no trimestre não foi percebida no mercado de trabalho. Esse mercado continuou como peça importante para o movimento das engrenagens da atividade econômica nos últimos meses. No terceiro trimestre de 2025, de acordo com os dados do Caged, o montante de empregos formais no estado se ampliou, fruto da geração de 32.319 novos postos de trabalho. Ao fim do 3º trimestre de 2025, a Bahia passou a contar com 2.237.507 milhões de vínculos celetistas ativos, o que significou uma elevação de aproximadamente 4,67% sobre o quantitativo de 2,138 milhões de empregos registrados no início do ano (estoque de referência).
A geração de empregos contribuiu para que a taxa de desocupação se reduzisse. De acordo com o levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) na Bahia, a taxa trimestral de desocupação ficou em 8,5%, no terceiro trimestre de 2025. O contingente de ocupados no conjunto dos meses de julho a setembro de 2025 na Bahia, com 6,554 milhões de pessoas de 14 anos ou mais de idade, reforçado pelo acréscimo na margem, revelou-se o maior da história – renovando, assim, o auge atingido recentemente, quando contabilizou 6,458 milhões de ocupados no segundo trimestre de 2025.
Em resumo, as pesquisas mensais referentes ao terceiro trimestre mostraram que os resultados negativos para a indústria geral, e serviços, mas com significativa geração de emprego formal e principalmente o excelente desempenho da safra de grãos contribuiu que o PIB da Bahia, calculado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), expandisse 0,4% quando comparado ao trimestre anterior.
Na análise trimestral, a atividade econômica baiana desacelerou nos últimos três trimestres com taxas de 3,4%; 2,6%; e 2,2%, acumulando no ano crescimento de 2,7%, taxa inferior a observada no mesmo período de 2024, quando registrou crescimento de 2,9%.
A dinâmica favorável do mercado de trabalho, as transferências de renda do governo e as contribuições advindas da agropecuária e da indústria extrativa ajudaram a compensar os efeitos negativos da política monetária restritiva e da inflação atenuando o ritmo dessa desaceleração. Entretanto, para os próximos meses, o cenário ainda é incerto, visto às indefinições das políticas fiscal e monetária e do conturbado cenário externo.
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