A comissão especial da Câmara que analisa alternativas para a transição energética realizou audiência pública para ouvir os representantes do setor ligado à produção do chamado hidrogênio verde, que é obtido com uma menor produção de gás carbônico por utilizar o processo de eletrólise.
O representante da Associação Nacional para a Difusão de Adubos, Bernardo Silva, afirmou que o Brasil precisa aproveitar essa tecnologia para produzir o hidrogênio verde para a produção de fertilizantes, diminuindo assim o impacto ambiental e tornando o país autossuficiente.
“O hidrogênio verde que é produzido através da eletrólise da água e aí é agregação de valor que produz os fertilizantes: nitrato de amônio, a ureia, o sulfato de amônio, o map, o dap, o superfostato triplo, o nitrato de potássio. É absolutamente interligado o tema de fertilizante e hidrogênio por esses motivos”.
Atualmente, o Brasil importa 90% dos fertilizantes utilizados na agricultura e muitas vezes esses insumos são produzidos de forma poluente, com uma pegada de carbono de 8 a 9 vezes maior do que o mesmo produto produzido nacionalmente, explicou o representante da Yara Soluções Industriais, Daniel Hubner.
Ele disse ainda que a fábrica instalada em Cubatão vai começar a produzir biometano já no próximo ano.
A representante da Associação Brasileira de Biogás, Tamar Roitiman, lembrou que outra forma de produzir o hidrogênio verde é através das usinas de biogás que podem desempenhar um importante papel na descarbonização de setores chaves da economia.
“É uma fonte madura, já com uma cadeia estabelecida, com indústrias importantes, com investimentos já mapeados e um interesse enorme em investir aqui no Brasil, é um caminho para a independência energética e também para a independência de fertilizantes, promove a economia circular e o aproveitamento de resíduos”.
O representante da Petrobrás, Fábio Azevedo, destacou que existem várias rotas possíveis para a produção de hidrogênio verde. Ele informou que a empresa vem desenvolvendo pesquisas para que o país possa se tornar referência mundial nessa forma de produção.
“A Petrobrás criou esse ano uma diretoria de transição energética que vem trabalhando em construir uma carteira de projetos, com alguns projetos em andamento com alguns eixos e um desses eixos é sem dúvida a questão do hidrogênio”.
O relator da comissão, deputado Bacelar (PV-BA) afirmou que é preciso garantir para além da produção, uma cadeia de distribuição que seja viável do ponto de vista ambiental e econômico.
“Nós temos um grande desafio que é a logística do hidrogênio, qual seria o papel dos fertilizantes para viabilizar o transporte e o armazenamento desse insumo”.
O representante da Quinto Energy, Rafael Cavalcanti, pediu aos parlamentares que os equipamentos necessários para a produção de hidrogênio possam ser desonerados de alguns impostos, como forma de tornar a produção brasileira mais competitiva.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Karla Alessandra.
Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil
