Os preços da indústria registraram queda de 0,31% em janeiro, ou seja, trata-se da terceira vez consecutiva de redução. O Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado pelo IBGE, sinaliza queda de 5,56% em 12 meses. Em janeiro de 2023, a taxa registrada até então foi de 0,29%. Vale lembrar que no mês de janeiro passado, oito das 24 atividades industriais pesquisadas estavam com variações negativas de preço em comparativo ao mês anterior.
“Esta sequência de resultados negativos do IPP vem após uma série de três meses seguidos de altas, entre agosto e outubro do ano passado. Apesar do índice de -0,31% em janeiro, não há uma queda disseminada por toda a indústria, pois 15 setores tiveram aumento de preços. Já a redução acumulada de 5,56% nos últimos 12 meses representa o 11º resultado negativo consecutivo nesse indicador, algo inédito”, explica Murilo Alvim, analista do IPP.
De novembro a janeiro, o IPP acumulou uma queda de 0,85%, menor que alta de 2,91% de agosto e outubro. Por outro lado, nos últimos seis meses, o resultado acumulado ficou em 2,03%. As atividades industriais responsáveis pelas maiores influências no resultado de janeiro foram refino de petróleo e biocombustíveis (-0,51 p.p.), indústrias extrativas (0,23 p.p.), alimentos (-0,18 p.p.) e metalurgia (0,07 p.p.).
O setor de refino de petróleo e biocombustíveis (- 4,77%) mostrou variação negativa pelo segundo mês seguido. No acumulado dos 12 meses ficou em -18,26%. “Esse desempenho de refino acontece depois de quatro altas consecutivas. Os preços do óleo diesel, produto com maior peso na atividade, foram os principais responsáveis, já que estão em trajetória de queda nas refinarias desde dezembro de 2023. O álcool também não está com grande demanda, além de contar com uma boa safra da cana-de-açúcar, influenciando no resultado”, acrescenta Murilo.
O setor de alimentos mostrou queda de 0,74%, após uma série de quatro resultados positivos consecutivos. Para o analista do IBGE, “os menores preços do açúcar, também muito por conta da safra da cana, e dos derivados de soja, commodity que vem apresentando uma produção estável e sem pressões de demanda, são os principais responsáveis pela retração do setor em janeiro”.
A atividade de indústrias extrativas registrara forte variação positiva (4,64%). “Assim como ocorreu no mês passado, a elevação nos preços do minério de ferro foi determinante para esse resultado. A alta verificada em indústrias extrativas foi a maior dentre todos os setores analisados, impactando também outras atividades, como a metalurgia, por conta da alta dos produtos siderúrgicos, que utilizam o minério de ferro como principal insumo”, lembra Murilo. Os preços do setor de perfumaria, sabões e produtos de limpeza, por sua vez, caíram 2,03% em relação ao mês anterior e no acumulado nos últimos 12 meses (-2,14%).
Foto: André Motta de Souza/Petrobras