Porto Asset Management analisa reunião do Copom

Em seu Relatório Mensal sobre a economia brasileira, a Porto Asset Management analisou a última reunião do Copom e sua política de juros com a manutenção da taxa Selic em 13,75%. Segundo a entidade, com uma maior confiança no processo de desinflação, sinaliza-se o começo dos cortes da taxa básica de juros a partir da reunião do início agosto.

À luz dos novos dados e da intenção manifestada pelo Copom, eles refizeram as projeções sobre o novo ciclo. No relatório anterior a Porto Management apontou os quatro pilares que sustentavam a avaliação de que o afrouxamento monetário se daria apenas no início de 2024.

Para eles segue mantida a visão de que a antecipação do movimento não garante uma redução da Selic maior e/ou mais rápida.

O primeiro dos quatro pilares trata da economia internacional que não tiveram sucesso na contenção da inflação. Traz como exemplo os bancos centrais do Reino Unido, Canadá e Austrália, que até há pouco davam por concluído seu trabalho, se viram obrigados a retomar (ou intensificar) o movimento de alta dos juros.

O segundo pilar dizia respeito à atividade doméstica. Tudo o mais constante, se espera que uma atividade econômica forte produza pressão inflacionária. O PIB do 1T23 surpreendeu positivamente, o que deveria sustentar esse pilar. Mas as primeiras rachaduras podem ser observadas com o crescimento de exportações líquidas, apoiadas particularmente no setor agropecuário.

O relatório mostra que o cenário ainda está muito longe de uma recessão, afinal o consumo é um componente grande do PIB, e no curto prazo ele é fortalecido pela forte expansão das políticas de transferência de renda empenhada desde fins de 2022.

O terceiro pilar era referente às expectativas de inflação. No período decorrido entre as duas últimas reuniões do Copom, registrou-se um recuo considerável nas projeções para o IPCA dos próximos vários anos.

Na fase atual do ciclo, ainda enfrentamos pressões inflacionárias no setor de serviços, mas a desinflação/deflação de bens é tão intensa que acaba predominando na determinação das expectativas de inflação.

Essa valorização cambial está também ligada ao quarto pilar: o temor quanto à evolução das contas públicas no médio prazo. O chamado novo arcabouço fiscal, em fase final de tramitação no Congresso Nacional, promete a geração de resultados primários sucessivamente melhores a partir de 2024, culminando com um superávit equivalente a 1% do PIB em 2026.

Entra ainda a incerteza percebida pelos participantes de mercado em relação à sustentabilidade das contas públicas.

Foto 6689062/Pixabay

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