A pecuária brasileira encerra 2025 diante de um conjunto de desafios que moldam tanto suas limitações quanto suas oportunidades. O setor segue marcado por estruturas produtivas heterogêneas, pressão crescente por eficiência, exigências ambientais mais rigorosas e uma necessidade de ampliar a adoção tecnológica no campo. Esse contexto vem acelerando transformações no perfil do produtor, na organização dos sistemas de produção e na busca por soluções que integrem manejo, produtividade, sustentabilidade e bem-estar animal.
É neste cenário que a Beckhauser, empresa referência na produção de equipamentos de contenção bovina, amplia sua atuação e reforça sua contribuição para a profissionalização do setor. Ao longo de 2025, a companhia avançou em iniciativas voltadas à inovação, ao diálogo com o ecossistema do agro e ao desenvolvimento de tecnologias que apoiam o trabalho diário do pecuarista.
Os desafios estruturais do setor, como explica a CEO, Mariana Beckheuser, ainda determinam boa parte da velocidade de modernização da atividade. “Estamos falando de um país que tem mais bois do que pessoas, em que 70% das propriedades são pequenas. Essas pequenas propriedades concentram apenas 30% do rebanho, mas representam a maioria dos produtores, e isso mostra o tamanho do desafio quando tratamos de adoção tecnológica”, explica.
Para ela, compreender a realidade do manejo é parte essencial dessa equação. “Nosso equipamento vai para o centro de manejo da fazenda, por onde passa animal por animal. Isso nos tornou uma plataforma desde a origem, quando a pesagem começou a ser vista como a primeira grande coleta de dados da pecuária”, exemplifica.
A profissional destaca que tecnologia e permanência das novas gerações no campo caminham juntas. “Estamos vivendo uma transição geracional muito significativa, e a tecnologia é fundamental para manter as pessoas no campo e atrair os jovens. Ninguém quer que o filho assuma uma rotina excessivamente braçal, então precisamos trazer soluções que tornem o trabalho mais seguro, mais prático e mais viável”, afirma, ao reforçar que inovação sem diálogo não avança.
“A turma da tecnologia precisa se alinhar com quem já vive o campo. Colocar a botina e ir conhecer a realidade, mas, mais do que isso, conversar com quem vive essa realidade todos os dias. Assim como quem está no campo, seja o produtor ou as empresas nativas do agro, também precisam olhar para fora da porteira e entender como a tecnologia pode ser um aliado para trazer economia de recursos e melhor resultados para os negócios. Conseguimos ganhar muito com esse diálogo, tornando a inovação mais assertiva”, ressalta Mariana.
É com esse olhar que a Beckhauser vem direcionando sua estratégia para a inovação aberta. Em 2026, a empresa inaugurará seu laboratório de inovação, criado para facilitar a conexão com startups, parceiros e instituições que desenvolvem soluções para o agro, o BeckLab, em parceria com o Parque Tecnológico MaringaTech. “Estamos saindo de um modelo de inovação fechada para um modelo aberto. É um processo de aprendizado e construção conjunta, e o laboratório nasce justamente para aproximar o ecossistema e trabalhar de forma mais colaborativa”, ressalta.
Mudanças de comportamento do pecuarista brasileiro
Mariana também observa mudanças importantes no comportamento do produtor, cada vez mais atento ao ambiente externo da propriedade. “O produtor deve estar atento ao que ocorre na cooperativa, no mercado, nos espaços onde as decisões que impactam seu negócio são tomadas. Ele precisa participar da conversa, porque isso afeta diretamente o futuro da atividade”, afirma.
A crescente valorização do bem-estar humano e animal, área em que a Beckhauser atua desde os anos 1990, reforça essa mudança de mentalidade. “Nossa missão sempre foi melhorar a vida de quem está no campo, oferecendo equipamentos que tragam segurança e qualidade de trabalho, ao mesmo tempo em que respeitam o bem-estar do animal”, frisa.
Para a CEO, o futuro da pecuária passa por sistemas de impacto positivo, capazes de conservar e regenerar o ambiente. Ela aponta tendências que devem ganhar força nos próximos anos. “Estamos falando de uma tecnologia que produz preservando, até regenerando. A pecuária de baixo carbono vai ganhar muito campo e o Brasil tem tudo para ser a referência pro mundo em produção sustentável, que provê alimento respeitando o equilíbrio com a natureza e gerando valor para o ecossistema, para a sociedade e para o produtor – inclusive com o potencial de incremento de receita com o que alguns têm chamado de uma ‘safra’ adicional, com a venda de créditos de carbono. Ainda precisamos evoluir o sistema, mas a regulação do mercado terá que vir”, diz.
Na visão de Mariana, o ponto central permanece inegociável: responsabilidade. “Acreditamos que o resultado não pode ser apenas financeiro, acabamos de sair de uma COP, realizada em Belém, e isso está ainda mais claro. Só temos um planeta. Se não cuidarmos dele, seja em uma operação pequena ou em uma grande, não teremos como olhar para o futuro”, finaliza.
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