Os rumos do negócio petróleo na Bahia

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Adary Oliveira, ex-presidente da Associação Comercial da Bahia,  Engenheiro químico e professor (Dr.)


Desde que foi promulgada a Lei do Petróleo em 1997 que o setor passou a evoluir com a participação de empresas privadas, nacionais e estrangeiras, hoje em número de 48 operadoras, e não para de crescer. No Brasil, os campos marítimos produzem cerca de 97% de petróleo, em posição bem diferente da produção mundial que é de aproximadamente 70% de campos terrestres.

O Brasil produz atualmente cerca de 3.620 mil barris por dia (bpd) e a Bahia de apenas 21 mil bpd, sendo o 5º maior produtor nacional depois de RJ, SP, ES e RN. O aproveitamento dos campos maduros por parte das empresas privadas na exploração e produção de petróleo e gás natural está revigorando o setor na Bahia. Uma prova disso é a realização da Oil & Gas Energy 2025, de 28 a 30 de maio, no Centro de Convenções de Salvador.

O encontro promoverá intercâmbios comerciais entre empresas nacionais e internacionais, compradoras e fornecedoras do setor com atuação na exploração, produção, refino e transporte de petróleo e gás natural. O evento ocupará as duas asas do Centro de Convenções de Salvador com 250 estandes, receberá a visita de cerca de 12 mil pessoas de 20 países e nele serão discutidas as opções de evolução da indústria nos próximos anos.

Contará ainda com espaços para conferências, encontro de negócios e arenas temáticas. A entrada é livre a investidores, profissionais, estudantes e mesmo aqueles que desejem se inteirar sobre o assunto e que poderão participar da discussão de temas relacionados a ESG, Inovação, Comércio e Financiamento.

Haverá conferências, sessões técnicas e discussões acadêmicas onde se discutirá a situação técnica atual, desenvolvimento da indústria e tendências futuras do setor.
Um dos assuntos que deve permear a BOG é a comparação entre o gerenciamento estatal e privado da indústria de refino do petróleo como também a viabilidade operacional de plantas pequenas.

Há duas refinarias na Bahia, uma é a Refinaria Mataripe, a segunda maior do Brasil, com capacidade nominal de 340 mil bpd, e a outra é a Dax Oil, bem menor operando com capacidade de 4 mil bpd. Ambas são de propriedade privada. A Refinaria de Mataripe funciona há 75 anos e foi adquirida recentemente da Petrobras pela Acelen, pertencente ao grupo árabe Mubadala.

Desde que assumiu a gestão da Refinaria de Mataripe em 2021, a Acelen tem protagonizado uma verdadeira revolução tecnológica na indústria de refino nacional. Com investimentos que ultrapassam R$ 2 bilhões, a companhia abraçou o desafio de modernizar a mais antiga refinaria do Brasil, transformando-a em um modelo de eficiência, inteligência operacional e sustentabilidade.

A empresa tem dito que a missão era clara: superar décadas de obsolescência tecnológica e implementar uma estrutura compatível com os princípios da Indústria 4.0. A base para essa mudança foi o compromisso com a inovação desde o primeiro dia.

Para garantir essa virada, afirma a Acelen, ela desenvolveu um robusto plano diretor de transformação digital, que envolveu desde a automação do chão de fábrica até a integração com sistemas de TI, consolidando uma operação moderna, segura e inteligente.

Foram criados oito programas estratégicos, cada um com foco em áreas-chave da operação, como confiabilidade, monitoramento ambiental, análise de dados, digitalização de campo e segurança de processos. Basta saber se a Acelen vai conseguir melhores índices de produtividade e se vai colocar no mercado gasolina, óleo diesel e querosene com preços inferiores aos das refinarias da Petrobras.

Os preços dos produtos nas bombas têm variado em função de vários fatores e a RefinaBrasil, associação que reúne as refinarias privadas, diz que quando as refinarias privadas conseguirem adquirir o petróleo nacional pelo mesmo preço que o vendido pela Petrobras para as suas refinarias, sem ter que importar petróleo, vai reduzi-los. Já a Dax Oil, apesar de não ser beneficiada com a economia de escala das grandes plantas, segue viável e mantém seu ritmo de ampliação indo para 12 mil bpd.

Noutra vertente, a Petrobras anunciou que está contratando novas sondas de perfuração terrestres com foco na ampliação da produção onshore de óleo e gás na Bahia. Os contratos assinados permitirão perfurações de novos poços de alta profundidade e a expansão das operações em campos terrestres localizados na região.

Temos, portanto, muitos temas para um bom debate e boas comemorações na BOG. Afinal, estamos celebrando 86 anos de descoberta do petróleo e nesse negócio atingimos a maioridade.

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