*Adary Oliveira, ex-presidente da Associação Comercial da Bahia, engenheiro químico e professor (Dr.)
O sucesso do agronegócio brasileiro é, sem dúvida, o resultado de uma combinação de fatores favoráveis que superaram alguns obstáculos e que ainda o ameaça. São fatores favoráveis a existência de grandes áreas agricultáveis, a disponibilidade de água para irrigação, a tecnologia utilizada na produção, o conhecimento dos agricultores, as pesquisas científicas em curso e a crescente demanda mundial por alimentos.
São fatores desfavoráveis a necessidade de importação de fertilizantes e insumos agrícolas, as dificuldades logísticas, as deficiências das políticas públicas e os movimentos dos trabalhadores sem-terra.
A área agricultável do Brasil é superior a 260 milhões de hectares. O aproveitamento dos cerrados para a agricultura muito contribuiu para se atingir essa área e se deveu sobretudo a pesquisas realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tornando o país ímpar nesse particular.
A pluviosidade combinada com a disponibilidade de água para irrigação é outro fator determinante no sucesso que tem o Brasil como um dos maiores produtores agrícolas do mundo. A tecnologia utilizada na agricultura, desde a seleção e produção de sementes, preparo da terra e uso do solo, colheita, beneficiamento, uso de maquinário moderno e informatizado, tudo com apoio de pesquisas e participação competente da Embrapa, é o que existe de melhor e é do conhecimento dos agricultores.
A criação dos animais em pastos com eficiente controle sanitário, práticas de boa pecuária e estudos genéticos, asseguram alta produtividade e a produção de carnes de qualidade apreciada pelos consumidores de todo mundo.
A crescente demanda mundial por alimentos é outro fator da maior importância. Não só garante o volume de vendas como também assegura a manutenção dos preços em nível satisfatório para o produtor. Nesse aspecto muito se poderia melhorar se o Brasil fosse mais ativo nas vendas e dependesse menos das grandes trades agrícolas mundiais.
A aplicação de boas políticas por certo poderia proporcionar melhores condições de venda e auferição e melhores resultados. Muito contribuiria nesse sentido se as linhas de financiamento fossem alteradas elevando o porcentual participativo, reduzindo as taxas de juros e usando práticas burocráticas mais simples para constituição das garantias.
Por outro lado, fatores desfavoráveis encarecem a produção e penalizam os produtores tirando-lhes competitividade no comércio exterior.
A dependência de importação dos fertilizantes nitrogenados, potássicos e fosfatados, expõem a nação a uma grande vulnerabilidade estratégica. As dificuldades logísticas, indo de insuficientes instalações portuárias, transporte rodoviário em excesso e deficiente e diminuto transporte ferroviário, são marcas que ainda não se conseguiu superar.
Os progressos recentes das políticas públicas ainda não eliminaram suas deficiências. O Plano Safra avança, mas ainda pode melhorar, com os créditos chegando à mão do produtor em cada localidade antes do plantio, por exemplo.
O movimento dos trabalhadores sem-terra precisa ser assistido pelo governo de forma diferente, garantindo seu acesso ao agronegócio com educação para os mais jovens, apoio creditício e organizações voltadas para a produção. Através das invasões de terra e destruição de laboratórios de pesquisa, os sem-terra não vão conseguir progredir e serão fadados a continuarem pobres.
Procedendo assim eles dificilmente serão inseridos num negócio altamente competitivo e sofisticado.
Por tudo o que se tem feito resulta no fato de o Brasil ser um dos maiores produtores e exportadores de commodities agrícolas. Além disso, o setor representa uma parte significativa do PIB do país e contribui de forma substancial para as exportações brasileiras, gerando empregos e movimentando a economia.
O Brasil é líder mundial na produção de soja, açúcar, café, suco de laranja e laranja. Ocupa o segundo lugar na produção global de carne bovina, celulose e etanol. É o terceiro produtor mundial de carne de frango milho e fumo. Não vai parar aí, vai continuar crescendo.
Não se deve levar em conta a crítica de que os produtos do agronegócio são de baixo valor adicionado. Sua produção é renovável a cada ano, tornando-a praticamente sem fim.