Novas esperanças trazidas pelo sisal

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.Adary Oliveira – ex-presidente da Associação Comercial da Bahia, engenheiro químico e professor (Dr.)

Desde que o Projeto BRAVE foi anunciado pela Shell Brasil e pelo Senai-Cimatec que as esperanças de uso do sisal (agave) se reacenderam no sertão nordestino como promissora fonte de riqueza. Isso porque o Brasil é o maior produtor mundial de agave e nos estados da Bahia e da Paraíba essa planta tem o maior cultivo do planeta. Tenho escrito sobre o assunto e sou cobrado pelos amigos e leitores do interior sobre mais notícias e andamento do projeto.

O Projeto BRAVE tem como principal objetivo desenvolver a agave como fonte de biomassa viável para a produção de bioenergia. Esse novo cultivo é visto como promissor para a diversificação energética e redução das emissões de carbono. A transformação da substância inulina contida no sisal em etanol, transformaria o sisal em fonte altamente competitiva de biomassa, passando de simples elemento precursor da produção de fibras naturais na confecção de cordas e tapetes para matéria-prima na produção de etanol, álcool consumido em larga escala em todo o mundo como combustível e insumo para dezenas de produtos químicos de alto valor adicionado.

Por meio da parceria entre Shell, SENAI CIMATEC e UNICAMP, o projeto investe em tecnologias para mecanizar o plantio, colheita e processamento industrial do agave. Essa integração busca aumentar a eficiência e a competitividade da nova cultura. A eliminação da antiga “paraibana”, mecanismo rudimentar usado no desfibramento das folhas das plantas, causadoras de inúmeros acidentes que decepava mãos e braços de muitas pessoas, e sua substituição por equipamentos industriais modernos, já representa algo suficiente para justificar os benefícios trazidos pelo projeto.

Informações recentes que conseguimos ter acesso revelam que o projeto tem avançado em diversos aspectos destacando-se os seguintes: a) Protótipos tecnológicos – desenvolvimento de equipamentos para o cultivo mecanizado;
b) Ensaios em campo – estudos para validar a viabilidade do agave sob condições variadas, inclusive em regiões do nordeste do Brasil; c) Inovação genética –
relatos sobre o desenvolvimento do primeiro agave transgênico do Brasil, um passo que pode potencialmente aumentar o rendimento e melhorar as características da planta para a produção de bioenergia.

Ademais, o projeto tem auferido destaque e reconhecimento, inclusive com prêmios em eventos do setor agroindustrial e bioenergético, evidenciando seu potencial transformador e impacto na matriz energética nacional. O sisal cresceu de importância na década de 1960 quando sua fibra era usada na fabricação de cordas para amarrar o feno, alimento do gado no inverno europeu. Foi substituído pelas fibras sintéticas de polipropileno. Agora busca outras aplicações onde seja mais competitivo.

A importância e perspectivas futuras do Projeto BRAVE podem ser também avaliadas pelas seguintes observações: a) Sustentabilidade e inovação agroindustrial – Com a crescente pressão por alternativas sustentáveis e o avanço das mudanças climáticas, o BRAVE se alinha com as tendências globais de investimentos em fontes de energia renováveis e na transição para uma economia de baixo carbono; b) Parcerias estratégicas – A cooperação entre instituições de ensino, centros de pesquisa e a iniciativa privada reforça a credibilidade do projeto e possibilita a rápida aplicação dos resultados de pesquisa no campo.

Essas informações estão alinhadas com os recentes artigos e comunicados disponibilizados tanto pela Shell quanto pelos parceiros envolvidos no projeto, demonstrando um compromisso contínuo com a inovação em bioenergia. Fontes consultadas indicam que, através dessas iniciativas o projeto BRAVE não só propõe avanços tecnológicos, mas também contribui para a sustentabilidade na cadeia produtiva e para o fortalecimento do setor de energias renováveis no Brasil.

Importante salientar que a Shell é a segunda maior produtora nacional de petróleo perdendo apenas para a Petrobras. A Lei do Petróleo possibilita o uso de incentivos governamentais mais do que suficientes para essas empresas investirem em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) e o Projeto BRAVE reúne condições para ser enquadrado como merecedor desse tipo de apoio.

O fato de o Senai-Cimatec pertencer ao Sistema Fieb (Federação das Indústrias do Estado da Bahia) reforça a credibilidade necessária para arrostar tamanha responsabilidade. O BRAVE tem tudo para dar certo, para ser um projeto vitorioso.

Foto Site Café com Informação

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