Lula: “Estar no MERCOSUL nos protege”

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Durante participação na 66ª Cúpula de Chefes de Estado do MERCOSUL, nesta quinta-feira, 3 de julho, em Buenos Aires, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância estratégica do bloco diante das incertezas no cenário internacional, defendeu o diálogo e o reforço de acordos comerciais entre os países integrantes e a ampliação da articulação com parceiros estratégicos.

“Quando o mundo se mostra instável e ameaçador, é natural buscar refúgio onde nos sentimos seguros. Para o Brasil, o MERCOSUL é esse lugar”, disse Lula. Segundo o presidente, a consolidação da América do Sul como área de livre comércio, baseada em regras claras e equilibradas, confere segurança e estabilidade à região. “Estar no MERCOSUL nos protege”, completou.

Presidência

Durante a reunião, Lula apresentou as prioridades da presidência pro tempore brasileira. Ele destacou que o período à frente do bloco, até o fim do ano, será oportunidade para reforçar o papel do bloco em um cenário global cada vez mais desafiador. “A presidência brasileira representará uma oportunidade para refletir sobre o lugar que almejamos ocupar no novo tabuleiro global”.

A atuação do Brasil terá cinco pilares fundamentais:

» Fortalecimento do comércio entre países do bloco e com parceiros externos
» Enfrentamento da mudança do clima e promoção da transição energética justa
» Desenvolvimento tecnológico
» Combate ao crime organizado
» Promoção dos direitos dos cidadãos do MERCOSUL

União Europeia

Uma das prioridades da liderança brasileira será concluir o acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia. Durante o discurso, Lula comemorou a conclusão das negociações, anunciadas nesta quarta, com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e defendeu maior integração comercial entre os países do bloco. “Estou confiante de que, até o fim do ano, assinaremos os acordos, criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo”, disse.

Livre Comércio

A EFTA –composta por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein – e o MERCOSUL vão criar uma zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas e um PIB combinado de mais de US$ 4,3 trilhões. Ambas as partes se beneficiarão de melhoras em acesso a mercado para mais de 97% de suas exportações, o que ampliará o comércio bilateral e beneficiará empresas e cidadãos.

ÁSIA

Lula também mencionou a importância de diversificar mercados e aproximar o MERCOSUL de países asiáticos. Destacou o programa brasileiro Rotas da Integração Sul-Americana e a conclusão da Rota Bioceânica, que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, para encurtar o tempo de exportações para a Ásia. “É hora de o MERCOSUL olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial. Nossa participação nas cadeias globais de valor se beneficiará de maior aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia”, resumiu.

Tarifa Externa Comum

Sob a presidência brasileira, o MERCOSUL também pretende priorizar o fortalecimento da Tarifa Externa Comum, a incorporação dos setores automotivo e açucareiro ao regime comercial do bloco e o avanço em medidas que consolidem a união aduaneira. “Nossa Tarifa Externa Comum nos blinda contra guerras comerciais alheias. Não é à toa que um número cada vez maior de países e blocos estejam interessados em se aproximar de nós”, pontuou o presidente.

Meio Ambiente

No campo ambiental, Lula propôs avanços na agricultura sustentável e destacou o papel da América do Sul na transição energética. O presidente citou a COP30, que será realizada em Belém (PA), como oportunidade para mostrar ao mundo as soluções regionais. “Nossa cooperação promoverá padrões comuns de sustentabilidade, mecanismos de rastreabilidade e inovações tecnológicas. Precisamos de ímpeto renovado para recuperar nossa capacidade industrial com responsabilidade ambiental”.

Desenvolvimento Tecnológico

Outro eixo prioritário para o Brasil será o desenvolvimento tecnológico. O presidente mencionou a parceria com o Chile para a criação de modelos de Inteligência Artificial alinhados à realidade latino-americana e defendeu a instalação de centros de dados e a soberania digital na região. “Novas tecnologias estão concentradas nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países. Iniciativas como essa podem ser expandidas para o MERCOSUL e para toda a América Latina”.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

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