Apostas online e todo e qualquer jogo de azar tem se tornado uma febre para milhares de brasileiros e uma dor de cabeça para as famílias que passam a conviver com o vício dos jogadores e sua inabilidade frente a um sistema que lucra com o desespero das pessoas. Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas e do Serviço de Proteção ao Crédito, SPC Brasil, em parceria com a Offerwise Pesquisas confirmou isso. Ela revelou que o brasileiro gasta R$ 6 bilhões em apostas online. A pesquisa mostra que mais de 40 milhões de consumidores fizeram algum tipo de aposta ou jogo em 2024.
Outro dado é que a média de gastos mensais com jogos e/ou apostas alcança R$ 186, podendo subir para R$ 267 nas classes A/B. As formas de pagamento mais utilizadas são PIX (72%) e cartão de crédito (18%). A pesquisa também traz um alerta: 25% dos entrevistados admitem que gastam mais do que podem com jogos e apostas na internet e pelo menos 46% das pessoas dizem abrir mão de algum consumo para fazer jogos e apostas.
No ranking da preferência dos apostadores as apostas esportivas são da preferência de 63% dos entrevistados. E esse desejo por apostar tem se transformado em vício – a grande maioria tem jogado de duas a três vezes por semana.
“O crescimento das apostas e jogos online liga um alerta em relação ao endividamento dos consumidores. Muitas pessoas têm perdido o controle do quanto gastam e isso impacta diretamente no orçamento familiar. Vício em jogos é uma doença que deve ser acompanhada e tratada com muita atenção devido as consequências negativas”, alerta o presidente da CNDL, José César da Costa.
Famílias endividadas
A “fome por apostas” tem trazido relatos impactantes para a pesquisa que trazem a luz uma situação totalmente fora de controle no Brasil. Estima-se que 15% dos apostadores deixam ou já deixaram de pagar alguma conta para usar o dinheiro em jogos ou apostas esportivas. E mais, 18% já foram negativados.
O tempo médio que os apostadores gastam em sites e aplicativos de jogos de azar supera duas horas por dia. A questão já envolve saúde mental pois confessam abrir mão de comprar bens de consumo como roupas, acessorios e ate alimentação fora as questões envolvendo sintomas de abstinência de jogas como desequilíbrio emocional, estresse, ansiedade, distúrbios do sono, etc.
CDL/SP se mostra preocupado
Mauricio Stainoff, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo e diretor da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, diz que o varejo tem visto com preocupação o endividamento causado pelas apostas eletrônicas. “Os números das recentes pesquisas mostram que 2% da população brasileira fazem jogos todos os meses e a grande maioria das pessoas que jogam tem dívidas ou estão negativadas. Isso o sistema bancário preocupado e pode aumentar a taxa de juros por conta do risco que os jogos levam ao sistema financeiro”, alerta.
Influenciadores presos
Nos últimos dias temos acompanhado o desdobramento do processo investigativo da Polícia Federal envolvendo influenciadores, artistas e jogadores que emprestavam sua imagem para as plataformas de apostas e jogos de azar. Também está sendo apurado o envolvimento de alguns dos investigados em possíveis fraudes.
Foto Joedson Alves/Agência Brasil