Adriano Villela
A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) realizou nesta quinta-feira (21) uma avaliação para a imprensa das perspectivas do setor no país e na Bahia para o próximo ano. O site Café com Informação acompanhou a entrevista coletiva, na qual tanto o novo presidente, Carlos Henrique Passos (foto), como o superintendente Vladson Menezes indicaram um entendimento consensual de que o estado como um todo e a indústria local crescerão em 2024, mas o consenso também existe em torno de uma expectativa de expansão moderada.
Em resposta a uma pergunta do site, Passos destacou que a confirmação do investimento da ByD na produção de veículos elétricos, baterias e chassis no Polo Industrial de Camaçari deve ter impactos positivos com grandes chances de ter participação maior do que a antiga Ford – fechada em janeiro de 2021, quando respondia por 5% do total transformado pela indústria baiana. Mas no próximo ano, mesmo usando o espaço que era da montadora dos Estados Unidos, o investidor chinês promoverá adequações do espaço fabril, com início da produção no final de 2024 ou início do período seguinte.
Sobre a indústria da construção, sua área de atuação empresarial, Carlos Henrique Passos avalia que será um ano mais promissor, tanto em razão do programa Minha Casa Minha Vida – que já possui 18 mil unidades contratadas no estado – como por projetos do PAC. As empregas baianas deste setor pularão de uma queda estimada de 0,6% agora para um aumento de 0,7% no ano novo.
“Temos também, com a redução da taxa de juros, uma reativação do segmento de classe média, que perdeu recentemente por conta dos recursos da caderneta de poupança (que enfrenta retiradas líquidas negativas desde o ano passado). Este cenário Selic abaixo de 10% (expectativa para o final de 2024) traz o retorno não só da popupança mas do mercado de capitais. Isso com certeza o vai ativar o mercado imobiliário de classe média”.
Neste ano, estima a Fieb, a indústria baiana vai recuar 2%, sob efeito principalmente dos ramos petroquímico, refino e celulose, mais voltados à exportação. Em 2024, a expansão média deve ficar em torno de 1%. Vladson Menezes pondera que o cenário internacional e nacional afetam o segmento fabril. Neste sentido, a redução da pressão inflacionária e a tendência de queda de juros nos principais mercados internacionais “traz benefícios para a economia, entretanto e isso deve ficar claro não será imediato”.
Nacionalmente, presidente e superintendente entendem que a reforma tributária promulgada na quarta-feira (20) será positiva. Menezes acrescenta a vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que na tramitação da Lei de Diretrizes Orçamentárias manteve a meta de déficti zero no ano que vem, reduzindo a pressão nas atividades produtivas acarretada pelas incertezas fiscais. Passos, por seu lado, avalia como essencial a comunicação sobre como funcionará o novo ambiente tributário e uma atenção na elaboração, no Congresso Nacional, das leis complementares que regulamentarão a PEC que institui o imposto de valor agregado.
Foto: Adriano Villela