Um estudo inédito da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta direcionamentos para melhoria da infraestrutura de energia no atendimento à demanda para segurança.
O estudo “Avaliação da Demanda Energética na Agricultura Irrigada para Apoio na Condução de Políticas Públicas do Planejamento Setorial” foi solicitado pelo Sistema CNA e executado pela Universidade Federal de Itajubá (MG) por meio do Núcleo de Pesquisa e Extensão do Instituto de Recursos Naturais (Neiru).
O documento foi lançado na terça (10) durante o 3º Workshop ‘Setor Agropecuário na Gestão da Água’. O professor Afonso Santos, da Universidade Federal de Itajubá, apresentou o estudo e deu detalhes sobre a pesquisa.
Além de avaliar o cenário atual, o documento faz uma projeção da necessidade energética para agricultura irrigada até 2040.
De acordo com a CNA, a produção agropecuária precisa de disponibilidade elétrica com qualidade para continuar produzindo e garantindo a segurança alimentar no Brasil e no mundo e, por isso, o objetivo do estudo é fornecer subsídios para políticas públicas, planejamento setorial e investimentos em infraestrutura energética rural.
“Os resultados obtidos não oferecem apenas uma visão clara da situação eletroenergética atual da incerteza no Brasil, mas também servirão como ferramentas valiosas para a análise das expansões futuras. O planejamento da demanda energética foi feito tendo como base as regiões onde há potencial para o aumento da interferência, evidenciando as regiões que apresentam propostas de investimentos adicionais em energia elétrica para suportar esse crescimento, seja na infraestrutura ou na demanda de potência.”
O documento estabelece uma demanda reprimida em todas as regiões com elevada concentração de agricultura irrigada, outro ponto levantado também foi a baixa qualidade ou até a mesma falta de energia no campo, oferecida pelas distribuidoras de energia do Brasil. Ele desenvolveu ainda alguns indicadores importantes para estimar os investimentos do setor elétrico em relação às demandas do agro, como o “Índice de Adensamento Rural” (IAR), que disponibiliza a disponibilidade de rede de tensão média das distribuidoras de energia nas áreas rurais. Já o “Energia Não Suprida (ENS)” analisa os aspectos de continuidade do serviço de fornecimento de energia elétrica aos sistemas de segurança.
De acordo com os dois indicadores, a energia que chega ao campo ainda é deficitária e não atende ao conteúdo das áreas irrigadas. “O não fornecimento de energia significa falta de água nas máquinas, já que os equipamentos de segurança não puderam funcionar por falta de energia, portanto, afetando diretamente a produção agrícola”, destaca o estudo.
Outro ponto abordado pelo estudo da CNA é a opção elétrica para atender à demanda futura da diretiva. De acordo com o levantamento, é necessário um crescimento anual da rede elétrica entre 5% e 7% para suprir essa demanda.
Entre os produtos nas regiões, a Região Norte apresentou os maiores desafios estruturais, com cobertura limitada, apontando uma necessidade de crescimento da rede elétrica acima de 20% ao ano para alguns Estados.
Polos de Agricultura Irrigada
O estudo levantado ainda as demandas atuais e futuras dos 16 polos de agricultura irrigada no país e alerta que há um déficit de 2,5 gigawatts para essas áreas irrigadas.
Em relação a 2040, marco temporal já considerado pelo setor no Atlas da Irrigação, a demanda total desses polos será de 5 gigawatts. “Essa demanda evidencia a importância do desenvolvimento de políticas públicas, tanto no setor da segurança quanto na área de planejamento e expansão elétrica, visto a necessidade de atendimento dos irrigantes” diz o documento.
Estratégias e política setorial – Entre as estratégias sugeridas para o setor, o levantamento aponta ajustes necessários nos instrumentos dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (Prodist) e na Política Nacional de Irrigação para melhor interpretação da realidade das áreas irrigadas.
O estudo também avaliou o histórico de políticas públicas e setores de energia, buscando identificar a existência de relação entre a evolução da área irrigada e a condução de políticas públicas, e de fato nenhuma política energética teve alguma estratégia ao atendimento das áreas irrigadas.
O estudo da CNA usou como fonte para o crescimento da supervisão no Brasil o estudo da Esalq/USP, além da Base de Dados Geográficos da Distribuidora (BDGD) de 2022, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e dos dados do Atlas Irrigação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Fontes já consolidadas de informação para que as propostas sejam consistentes com os anseios setoriais.
Foto: Reprodução Estudo CNA