Especialistas analizam alta da Selic

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Os especialistas do mercado financeiro repercutiram o novo aumento da Selic para 14,75%, definido pelo Copom e divulgado a pouco.

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a decisão veio conforme o esperado pelo mercado, com um aumento de 0,50%, levando a taxa para 14,75%. Para ele o comunicado, curiosamente, repete um tom semelhante ao do Banco Central Norte-Americano, com uma frase parecida, ao afirmar que os riscos para a inflação, tanto para alta quanto para baixa, estão mais elevados do que o habitual, refletindo o cenário de maior instabilidade que estamos vivenciando em 2025, assim como foi destacado lá.

“Por outro lado, o comunicado é mais “hawkish” do que o do Fed, ou seja, demonstra mais preocupação com a inflação do que com a atividade econômica, especialmente ao afirmar que se manterá vigilante e que a calibragem do aperto monetário seguirá sendo guiada pelo objetivo de cumprir a meta. Isso provavelmente será interpretado pelo mercado como um sinal de que o ciclo de altas de juros pode não ter terminado nesta reunião, e que há uma boa chance de mais uma alta na próxima, o que me parece correto, mesmo que essa alta não seja entregue já na reunião seguinte”, revala.

Em sua visão as expectativas de inflação ainda estão muito elevadas. “O Focus, como o próprio texto menciona, prevê 5,5% para este ano e 4,5% para o ano que vem, muito acima da meta de 3%. Ao longo do ano, espera-se que o IBGE mostre uma inflação de 5,5% nos próximos 12 meses, podendo chegar até 6% nos próximos meses, o que certamente deixará investidores e operadores de mercado bastante preocupados com a dinâmica inflacionária. Portanto, acredito que o Copom agiu corretamente ao deixar uma dúvida no ar para aqueles que acreditavam que o ciclo de altas já teria terminado na reunião de hoje. Pode ser que o ciclo realmente tenha se encerrado, mas vejo que o movimento adotado foi o mais adequado”, cita.

Efeitos ‘desinflacionários’

Para o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, em meio a incertezas, o BC deixa próximo passo em aberto. Ele entende que possíveis efeitos desinflacionários tornam balanço de riscos mais equilibrado.

“Em meio à guerra comercial, BC optou por mais flexibilidade. Com muitas dúvidas sobre a magnitude da desaceleração econômica global e seus efeitos sobre a inflação no mundo, o BC decidiu por deixar em aberto a possibilidade de novas altas. Assim, pretende acumular informações até a próxima reunião no dia 18 de junho. Vale notar, no entanto, que mesmo com o elevado nível de juros e um balanço de riscos mais equilibrado, as projeções do BC e da mediana do mercado não sugerem convergência para o centro da meta no horizonte relevante”, avalia.

Ele considera que as projeções do BC recuam, mas convergência ainda distante e as projeções para o cenário de referência, que considera a trajetória de alta da Selic para um pico de 14,75% presente na pesquisa Focus, seguem acima da meta. “Para este ano, o BC reduziu sua expectativa de 5,1% para 4,8%, e projetou 3,6% em 2026. Já as expectativas de mercado recuaram de 5,7% para 5,5% em 2025 e permaneceram em 4,5% em 2026”.

Contudo ele avalia a espera de mais uma alta de 0,25 p.p., mas chances de encerrar o ciclo aumentaram. “As atuais projeções de inflação, combinadas à conjuntura econômica, ainda sugerem que seja necessário que a Selic continue subindo a fim de promover a convergência da inflação. Por isso, mantemos nossa avaliação de uma última alta de 0,25 p.p. em junho. No entanto, a evolução do cenário internacional será crucial para definir o grau de confiança do comitê na convergência da inflação e poderá justificar o encerramento do ciclo na próxima reunião”.

Foto joelfotos/Pixabay

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