O cenário da busca por crédito no Brasil registrou uma queda de -1,09% em outubro de 2025 em relação a outubro de 2024. Na passagem de setembro para outubro, o número de consultas cresceu 15,29%. Os dados são revelados pelo Indicador de Demanda por Crédito da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que monitora mensalmente a evolução das consultas de crédito no país.
“Os dados mostram um aumento pontual de consultas em busca de crédito, mas sem expansão consistente, o que indica dificuldade de aprovação e de contratação efetiva. Além disso, é possível perceber pelo tipo de crédito contratado que se trata de busca para manter o padrão de consumo básico (contas, alimentação, moradia), e não para financiar bens duráveis. Trate-se de um ciclo de vulnerabilidade financeira e emocional, onde a tomada de crédito não é uma decisão racional de planejamento, mas uma resposta ao aperto do orçamento — amplificada por fatores comportamentais como pressão social, compras digitais e fadiga financeira”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
Analisando o perfil do consumidor que buscou crédito no Brasil em outubro, nota‐se que o público predominante é o masculino, com participação de 54,83%. Na abertura por faixa etária, o público com participação mais expressiva foi de 40 a 49 anos, que representou 24,19 do total.
Do público consultado, 2,36% contratou algum serviço de crédito. Os dados mostram que desse público, 83,99% contratou Empréstimo e 14,84% contratou Financiamento, totalizando 98,83%.
Observando a abertura por grupos financeiros que realizaram consultas em outubro, o grupo com participação mais expressiva no Brasil foi Intermediação monetária depósitos à vista (46,86%), seguido por Seguros de vida e não vida (19,89%), que totalizam 66,75% das consultas. No momento da consulta, 33,88% dos consumidores possuíam alguma restrição ativa.
“Mesmo com o leve aumento mensal nas consultas, a demanda não se traduz em crescimento real do crédito, uma vez que o risco de inadimplência é alto e o poder de pagamento limitado. A consequência é um país onde o crédito, que deveria impulsionar o consumo e o investimento, se transforma em ferramenta de sobrevivência, agravando o ciclo de endividamento. Romper esse ciclo exigirá educação financeira prática, crédito responsável e redução gradual dos juros reais, equilíbrio fiscal para que o consumidor possa recuperar sua confiança e poder de compra”, aponta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.
Abrindo os resultados por região, o Sudeste apresentou a maior participação no número de consultas em outubro, com 46,06%, seguido pelo Nordeste (20,48%), Sul (18,29%), Centro‐Oeste (8,62%) e Norte (6,55%).
Foto Tumisu/Pixabay
