*Por Fabrício Visibeli, sócio-diretor da CBYK
As possibilidades geradas pela utilização dos recursos de inteligência artificial são particularmente úteis em setores que demandam a manipulação e análise de grandes volumes de dados.
Certamente uma instituição como o IBGE já está utilizando essa nova capacidade para estudar os resultados do Censo e poderá gerar bases de dados específicas para o desenho de políticas públicas melhor focadas, otimizando a utilização dos recursos disponíveis, aumentando a eficiência e beneficiando fortemente a sociedade.
Também é o caso das instituições financeiras, das companhias de seguro e das grandes malhas logísticas, mas gostaria de focar aqui em um setor muito mais carente de aumento da eficiência, da capilaridade de sua ação e da melhor utilização de recursos, principalmente recursos humanos – o setor de saúde.
Nele, entre muitas outras aplicações, podemos falar da IA em sistemas digitais para centros de saúde e interligação das redes de saúde, a análise minuciosa e parcialmente automática de imagens médicas, o desenvolvimento de pesquisas científicas na área de medicamentos, o monitoramento inteligente dos pacientes do SUS em escala nacional e a identificação de relações significativas em dados brutos.
Segundo estudo recente da McKinsey & Company, nos Estados Unidos o emprego da IA generativa na saúde poderia ajudar a desbloquear uma parte do não realizado 1 bilhão de dólares em melhorias potenciais na indústria, automatizando o trabalho propenso a erros, fornecendo uma riqueza de dados aos médicos em segundos e modernizando a infra-estrutura de saúde. Infelizmente, não temos estudos disponíveis a respeito do quadro brasileiro, mas uma emergência aguda como a recente pandemia mostrou tanto a resiliência quanto as carências do SUS, indicando melhorias estruturais a realizar.
Embora as empresas de saúde utilizem tecnologia de IA há anos – previsão de eventos adversos, otimização de agendamento de salas de cirurgia e conexão de dados de pacientes para gerar melhores resultados são três exemplos – a IA regenerativa em saúde, promete uma transformação ainda mais profunda para o setor.
E as grandes empresas de tecnologia estão se movendo, e rapidamente, para atuar de forma crescente na oferta de serviços de saúde. Menciono, em exemplos divulgados pela revista digital The Future of Commerce e que replico aqui.
A Amazon Web Services (AWS) anunciou em julho um serviço chamado AWS HealthScribe, que usa reconhecimento de fala e IA generativa para economizar tempo dos médicos ao gerar documentação clínica.
O Google está testando um chatbot médico batizado Med-PaLM 2 na May Clinic e em outros hospitais. Com base na tecnologia de modelo LLM subjacente ao chatbot de IA generativo da empresa, o Bard, o Med-PaLM 2 visa responder a perguntas médicas com mais precisão e segurança.
A Microsoft, um dos principais investidores na OpenAI, firmou parceria com a Epic Systems para integrar a tecnologia generativa de IA em registros eletrônicos de saúde (EHRs). A subsidiária Nuance Communications da Microsoft também anunciou um aplicativo de documentação clínica totalmente automatizado, combinando IA conversacional e ambiental com o GPT-4.
O planejamento de campanhas de vacinação ou a definição de prioridades no combate a pandemias e endemias seriam grandes beneficiários do uso da IA, assim como o atendimento remoto, o treinamento de equipes de saúde em áreas remotas, a logística da distribuição de medicamento conectada às doenças mais frequentes em cada área e muito mais.
A saúde gera imensas bases de dados, e é aqui que a IA entra em jogo. Ao contar com algoritmos de aprendizagem profunda para criar novos textos, áudio, códigos e outros conteúdos, ele pode ser otimizado para privacidade e, em seguida, lançar enormes volumes de informações médicas não estruturadas para economizar tempo e dinheiro, ao mesmo tempo que desbloqueia infinitas possibilidades comerciais e clínicas.
Existem ainda questões que precisam ser tratadas, inclusive pela regulamentação do uso da IA na saúde, como a propriedade dos bancos de dados do SUS, que não pode simplesmente ser comercializada para a exploração comercial privada, a segurança dos dados de cada cliente do sistema individualmente e o compartilhamento com as unidades federativas componentes do nosso modelo. É muito sensível, por exemplo, o compartilhamento vazado ou negociado de informações para garantir a portabilidade dos seguros de saúde e outros e o uso de dados ou de sua análise pelos departamentos de recursos humanos de grandes empresas. Privacidade é essencial.
O fato é que novas tecnologias estão surgindo e com elas novas possibilidades de negócios, de otimização de processos já existentes, aumento de produtividade e consequentemente de oportunidade de ganhos. Encontrar um bom parceiro para toda essa jornada fará a diferença para sua empresa. Se ela conseguirá se antecipar, ou se correrá atrás do prejuízo como o exemplo da Microsoft (OpenIA) x Google. O tempo está passando. O que sua empresa tem feito para inovar e se destacar?
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