A transição energética é considerada fundamental para a redução das emissões de gases de efeito estufa, uma das causas do aquecimento global. Por isso mesmo, é considerada uma aliada para um futuro mais sustentável no mundo.
Para acompanhar o tema, a Câmara instalou uma comissão especial da Transição Energética, especificamente para estudar a produção de hidrogênio verde.
A comissão ouviu representantes de entidades da indústria nacional para saber o que é preciso para a descarbonização do setor no Brasil. A descarbonização é uma primeira etapa da transição energética da economia, com a redução de emissões de gás carbônico na atmosfera.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos, informou que seu setor emite até 35% menos gases de efeito estufa do que os países europeus, e até 51% menos do que o resto do mundo.
“Então é uma indústria super bem posicionada do ponto de vista das emissões de gases de efeito estufa em relação ao resto do mundo. Só que, justamente da Europa, dos Estados Unidos e da Ásia, estão vindo produtos químicos para o Brasil e em grande quantidade. A gente teve uma elevação só no primeiro semestre deste ano de cerca de 10% no volume de produtos importados em média.”
A diretora do Departamento de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Mariana de Assis, explicou que os segmentos de metalurgia e cimento foram responsáveis por 52% das emissões de gases de efeito estufa do setor industrial brasileiro.
Segundo relatório publicado pelo Observatório do Clima em conjunto com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e outras entidades parceiras, o Brasil teve o segundo maior aumento de emissões de gases de efeito estufa nas últimas duas décadas.
Mariana de Assis esclareceu que, atualmente, as principais plantas de hidrogênio no Brasil são as refinarias de petróleo, que utilizam o hidrogênio para produzir combustíveis com menores teores de enxofre.
“Ainda é necessário muito investimento em ciência, tecnologia e inovação para a gente induzir as transformações.”
A diretora do Departamento de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia informou que está estabelecendo três marcos temporais importantes para o Brasil. Em 2030, o objetivo é consolidar o país como o mais competitivo produtor de hidrogênio de baixo carbono do mundo.
O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), autor do requerimento da audiência em parceria com o deputado Bacelar (PV-BA), esclareceu que, diferente de outros países, o Brasil tem a matriz energética 88% renovável, dessa forma, o país apresenta uma forma de “aprimoração” energética, e não de transição.
“Nós já temos uma matriz renovável. Nós precisamos fazer com que seja reconhecido na narrativa, reconhecido no ponto de vista da monetização e que isso nos dê iniciativa nos diálogos internacionais”.
De acordo com a agência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, atualmente o Brasil é o quinto maior emissor mundial de gases de efeito estufa. Porém, enquanto os demais países ocupam cerca de 70% das emissões relacionadas ao setor de energias, as emissões brasileiras são causadas, principalmente, pela mudança no uso da terra e desmatamento.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Joana Lacerda
Foto TNeto /Pixabay