O Brasil foi reconhecido pela segunda vez como país exportador de cacau com 100% de qualidade. A aprovação foi concedida em Madagascar, na África Ocidental, durante painel realizado nos dias 13 e 14 de junho, pelo Conselho Internacional de Cacau. Durante o evento, o dinamismo do setor produtivo do cacau brasileiro foi destacado como exemplo, principalmente as características únicas da fruta com manejo do sistema cabruca. Além disso, foi emitida recomendação internacional para que o Brasil seja mantido como exportador exclusivo do produto.
O titular da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia, Wallison Tum, pontuou que a recente conquista e reconhecimento internacional são consequência de como a Bahia se mostra para o mundo através do setor produtivo do cacau. “Em 2021, as amêndoas de cacau da Bahia receberam o prêmio de primeiro e segundo lugar no Concurso Internacional de Cacau – Cocoa Of Excellence – COEX2021 e primeiro e segundo lugar no Concurso Nacional do Cacau, como melhor amêndoa, por apresentar excelente qualidade. Isto também está intrínseco no trabalho longevo entre governo, produtores e sociedade, para o reconhecimento do fruto, para além de nossas fronteiras”.
Na Bahia, o Governo do Estado, através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), apoia o projeto Parceiros da Mata, que ao todo irá investir US$ 150 milhões para reduzir e reverter as tendências de degradação ambiental e perda de biodiversidade na Região Sul do estado, por meio do fortalecimento dos sistemas produtivos do cacau cabruca. A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri) é uma das parceiras do projeto executado pelo governo estadual.
Sustentabilidade
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica da Bahia é viabilizado com recursos do Governo do Estado da Bahia (US$ 32 milhões), do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID (US$ 100 milhões); e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura – FIDA (US$ 18 milhões). Pretende atender cerca de 100 mil famílias (370 mil pessoas). Dessas, 65 mil famílias serão beneficiadas com melhorias nas infraestruturas (acesso a água e saneamento, melhoria de estradas rurais, conectividade) e serviços. Outras 35 mil famílias serão beneficiadas com atividades de fortalecimento da produção e da resiliência dos sistemas produtivos diante das mudanças climáticas.
Assessor especial da Seagri e secretário executivo da Câmara Setorial do Cacau, o engenheiro agrônomo Thiago Guedes chama a atenção para a importância do Parceiros da Mata, “cujos impactos de médio e longo prazos serão a promoção do desenvolvimento sustentável, a conservação da Mata Atlântica e a valorização da cadeia produtiva do cacau cabruca. O projeto visa gerar renda e inclusão produtiva, além de parcerias com outros projetos, a exemplo do projeto Conservação da Mata Atlântica por meio do manejo sustentável de paisagens agroflorestais cacaueiras”.
Para o presidente da câmara setorial do cacau da Bahia, o produtor Valnei Pestana, a região cacaueira será fortalecida com o desenvolvimento do projeto Parceiros da Mata. Ele reforça a concepção da boa imagem do cacau como alimento e a ampliação da diversidade do setor na agregação de valor ao produto tree to bar (árvore do cacau à barra de chocolate) e tree to cap (árvore do cacau à amêndoa em cápsula). Pestana destaca, ainda, a agenda da verticalização da cadeia produtiva do cacau, rastreabilidade do produto, beneficiamento da amêndoa, a conservação produtiva da mata atlântica e a melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas na cadeia produtiva.
Na Bahia existem mais de 100 marcas de chocolate de origem. O consumo de chocolate no Brasil per capita médio de 3,5 kg/hab/ano, sendo que a região Sul apresenta 6,8 kg/hab/ano, Nordeste 1,2 kg/hab/ano e o estado de São Paulo é o maior consumidor em termos absolutos com 39%.
Lideranças e Modelos de Produção
A Bahia e o Pará são os maiores produtores de cacau no Brasil, respondendo por aproximadamente 90% da produção nacional. O cacau brasileiro é produzido com história, tradição, e em sistemas agroflorestais que preservam a mata Atlântica e a Amazônia, (sistema de plantio tradicional conhecido como Cabruca).
Dentre os avanços e melhorias decorrentes da IP Cacau Sul da Bahia, já é possível a rastreabilidade, via QR Code, de todo o processo de produção de cacau, utilizando tecnologia blockchain e outros avanços tecnológicos estão contribuindo para a qualidade das amêndoas de cacau, resultando na criação de um polo de chocolates finos no sul da Bahia, que conquistam mercados no Brasil e no Exterior.
O estado da Bahia possui uma área plantada de cacau de aproximadamente 439 mil hectares no sul da Bahia e cerca de 60% desta área é cultivada por meio do sistema cabruca. São 263 mil hectares que se apresentam como solução às mudanças climáticas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável da ONU, Rio + 20, em 2012, como sistema que contribui para a sustentabilidade.
Fonte:Ascom/Seagri Foto: Divulgação/Seagri