O Brasil passa por um momento de oportunidades no mercado de gás natural, com a previsão de maior oferta no onshore e offshore e o potencial de investimentos na malha de gasodutos, segundo cenário traçado nos debates do primeiro dia da Rio Pipeline.
Para Rudimar Lorenzatto, vice-presidente de operações da Karoon, as operadoras independentes, mais focadas em reservas terrestres e campos maduros, têm como principais desafios “desenvolver a cadeia de suprimentos, ampliar a produção e vida dos ativos, além de atuar para a redução dos royalties” em áreas maduras.
Rachid Felix, diretor comercial e corporativo da 3R Petroleum, reforçou a necessidade de as empresas atuarem com logística otimizada e integrada. “Novos operadores devem rever a operação logística com sinergia, considerando demanda e porte, como o uso compartilhado de dutos onshore e offshore, e de plantas de processamento”.
Francisco Francilmar Fernandes, diretor de Operações da PRIO, também aposta no compartilhamento de ativos como forma de promover o desenvolvimento das empresas de menor porte. “Aprendemos muito com a experiência no exterior e como isso cria um efeito virtuoso. Estamos evoluindo nesse aspecto no Brasil. O caminho é estimular um mercado mais dinâmico, em parceria”.
Ao lado do aumento da oferta de gás, o setor passa por uma fase de interiorização da malha de dutos, com o objetivo de atender setores de difícil descarbonização que requerem investimentos pesados para a migração de rota tecnológica energética, bem como atender a possibilidade de novos corredores sustentáveis de gás natural para uso veicular ( (GNV). “Há dois corredores já maduros para serem lançados, como a Via Dutra e Litorâneo do Nordeste”, avaliou Luiz Gavazza, presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado e da Bahiagás.
Já Claudia Brun, vice-presidente de Cadeias de Valor da Equinor, destacou a importância de avanços na regulação e na segurança jurídica, fatores que influenciaram na decretação de comercialidade do campo de gás BMC 33. “Políticas públicas claras são importantes para decisões de investimentos de grande porte e qualquer mecanismo de intervencionismo sempre vai causar impacto”, disse.
Para Sylvie D’Apote, diretora-executiva de Gás Natural do IBP, o cenário mundial com a guerra na Ucrânia alterou a percepção sobre o gás natural diante da escassez do produto. O debate, diz, passou dos benefícios das energias renováveis para a necessidade de segurança energética, conferida pelo gás.
Oportunidades no segmento de gás
O debate com líderes de grandes players do setor continuou com os CEO Talks ouvindo os presidentes da NTS e da Transpetro.
Erick Portela, CEO da NTS, destacou que o mercado de gás natural no Brasil vive uma fase “disruptiva” rumo ao crescimento da produção por meio da ampliação da oferta com o Gaslub, Sergipe águas profundas e BMC 33. “Teremos a maior disponibilidade de gás do século, o que levará a importação de gás a ser complementar.”
Nesse cenário, a NTS investe em alguns projetos de desengargalamento da malha de gasodutos da companhia a fim de ampliar a oferta nos mercados maduros de gás natural.
Sérgio Bacci, presidente da Transpetro, falou sobre a importância da manutenção da segurança, da integridade e operacionalidade da malha existente de dutos. “Para nós a segurança é algo inegociável.”
Bacci destacou o convênio com o CTDUT – Centro de Tecnologia em Dutos, no valor de R$ 5 milhões. “Estamos analisando ampliar esse convênio para estudar uma nova tecnologia. O que pudermos fazer para melhorar a segurança na operação da faixa de dutos nós faremos”, concluiu.
Foto Agência Petrobras