Brasil precisa criar vantagens competitivas, diz Guilherme Mello, do Ministério da Fazenda

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Especialista participou do 8º Fórum do Desenvolvimento da ABDE. Diretor do Ipea, Claudio Roberto Amitrano destacou multiplicadores fiscais na variação do gasto público tem sobre a variação do PIB


O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que o Brasil tem “vantagens comparativas e pode criar vantagens competitivas para construir o caminho do desenvolvimento com inclusão social e sustentabilidade”. Antes, porém, segundo ele, o primeiro desafio é colocar a casa em ordem: com taxa de câmbio competitiva e estável, juros menos restritivos, condições de estabilidade fiscal e condições adequadas de financiamento do estado e políticas públicas. Segundo ele, hoje, o país tem uma nova estratégia de desenvolvimento.

“Estamos propondo o Brasil para as próximas décadas, dialogando com três grandes eixos: aumento de investimentos e melhoria da infraestrutura; neoindustrialização e plano de transformação ecológica, que é a grande oportunidade de voltar a se desenvolver”, afirmou Mello, durante o 8º Fórum de Desenvolvimento, realizado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), em Brasília.

De acordo com Mello, o país tem áreas com desempenho no topo. “Somos líderes em vários setores de biocombustível, energético, e energia limpa”, disse. “Agora o dilema do país é como voltar a crescer. Mas não só crescer. Crescer se desenvolvendo”, destacou.

O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Claudio Roberto Amitrano, destacou a importância da política fiscal no processo de desenvolvimento, por meio dos chamados multiplicadores fiscais, ou seja, do impacto que a variação do gasto público tem sobre a variação do PIB.

“Os tipos de despesas que têm multiplicadores fiscais mais elevados são justamente o investimento público e os gastos sociais. Para que a mudança na composição dos gastos públicos seja eficiente, precisa atender a alguns requisitos: estar atenta para as complementaridades do setor privado; focar em cadeias longas e relacionadas a setores de tecnologia, com alta complexidade econômica, e à sustentabilidade ambiental”, comentou.

Professor e pesquisador da ISCSP-ULisboa, José Roberto Afonso lembrou que, há quase um século, a economia brasileira, que era exportadora de commodities, conseguiu se industrializar rapidamente. Para ele, o país consegue passar por essa transição novamente. “Temos oportunidades imensas para o Brasil na área de energia e hidrogênio verde, que também é importante na produção de insumos agrícolas”, concluiu.

A secretária do Ministério da Gestão e da Inovação dos Serviços Públicos, Elisa Leonel, fechou a discussão trazendo um pouco da participação estatal nesse processo. “O país precisa renovar a capacidade do estado de implantar suas políticas públicas. Nesse cenário, vemos a inclusão social como fundamental. Além disso, as empresas estatais precisam estar fortalecidas e alinhadas ao desenvolvimento brasileiro”, ressaltou.

8º Fórum de Desenvolvimento

O 8º Fórum de Desenvolvimento, realizado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento, nos dias 30 e 31 de agosto, em Brasília, destaca as principais ações de fortalecimento do Sistema Nacional de Fomento (SNF), que reúne 5,1 trilhões em ativos e representa 45% do mercado creditício brasileiro e 74% dos investimentos de longo prazo.

Principal assunto do fórum, o SNF atua em setores e segmentos prioritários para o desenvolvimento sustentável do país, como o financiamento à infraestrutura, à inovação, ao agronegócio, ao setor público e o apoio às micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). É formado por suas 34 instituições de desenvolvimento associadas à ABDE (bancos públicos federais, bancos de desenvolvimento, agências de fomento, bancos comerciais estaduais, bancos cooperativos, além da Finep e do Sebrae).

Divulgação Foto Telmo Ximenes/ABDE

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