Bahia sedia Cúpula Internacional sobre Agricultura Justa e Solidária

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De hoje (14) até 18 de outubro, a Bahia será o centro das discussões sobre o futuro justo da alimentação. A Cúpula Global para uma Transição Agrícola Justa (JAT Summit) reunirá em Salvador e no município de Pintadas, no Semiárido baiano, representantes de dezenas de países da América, Europa, África e Ásia. Além da participação da Rede Pintadas, estarão presentes lideranças indígenas, agricultores e agricultoras familiares, ativistas e especialistas de várias partes do mundo para promover o diálogo e a ação em torno de uma agricultura regenerativa, capaz de restaurar solos, valorizar saberes tradicionais e garantir justiça alimentar e climática.

Entre os dias 14 a 16, a programação acontece em Salvador, com painéis, rodas de diálogo e celebrações culturais que conectarão experiências locais a agendas globais de sustentabilidade. A abertura da Cúpula será marcada por uma bênção ancestral e celebração cultural, conduzida por lideranças indígenas e afro-brasileiras, em um círculo de boas-vindas com música, dança e relatos que evocam o respeito à terra e às tradições.

Ao longo dos debates, serão abordados temas essenciais da transição agrícola justa, como a eliminação do uso de agrotóxicos, o fortalecimento dos direitos à terra com base nos saberes indígenas e o protagonismo das mulheres nos sistemas alimentares. As sessões de aprendizagem e intercâmbio de saberes trarão experiências de práticas agrícolas adaptadas às mudanças climáticas, economias alimentares populares e modelos cooperativistas que fortalecem a produção e o consumo locais. Um dos momentos mais esperados será a elaboração de roteiros de ação coletiva, com propostas para reimaginar políticas públicas agrícolas sob uma perspectiva social e ambiental, promovendo também financiamento justo para soluções comunitárias.

No dia 16, será assinado um documento-síntese que expressa o compromisso coletivo com o fortalecimento de políticas públicas voltadas à segurança alimentar, agricultura regenerativa e produção de alimentos saudáveis. Dia 17, alguns integrantes da Cúpula se deslocarão para o município de Pintadas, no semiárido baiano, onde os participantes conhecerão iniciativas comunitárias de agroecologia e regeneração ambiental desenvolvidas na região, referência em agricultura familiar sustentável e cooperação rural. As visitas de campo culminarão no lançamento da Declaração dos Povos pela Transição Agrícola Justa, documento que será apresentado no Dia Mundial da Alimentação, marcando o compromisso coletivo por um futuro em que produzir alimento também signifique regenerar a vida no planeta. O encerramento será marcado por uma celebração cultural e um ritual de comprometimento coletivo, simbolizando a união global em torno da justiça alimentar e da regeneração dos ecossistemas.

O evento reforça o papel da Bahia como referência global em práticas agroecológicas e experiências inspiradoras de convivência com o semiárido, além de promover a integração entre saberes tradicionais, ciência e políticas públicas. “A Cúpula é o resultado de um esforço coletivo de pensar e construir novas alternativas de sistemas alimentares, capazes de valorizar os saberes ancestrais, garantindo um ecossistema equilibrado e soberania alimentar”, explica Nereide Segala Coelho, uma das lideranças do projeto no município de Pintadas.

De junho a setembro de 2025, a Huairou Commission e a Oxfam Novib coordenaram uma série de sessões de diálogo lideradas por mulheres. Esses webinars reuniram mulheres rurais, líderes indígenas, ativistas alimentares, pesquisadores e organizadores comunitários de todo o mundo para discutir áreas críticas de transformação no sistema alimentar: desde direitos à terra e agroecologia até o banimento de agrotóxicos, passando pela adoção de sistemas de conhecimento indígenas e adaptação às mudanças climáticas.

Foto: Ane Novo/ Divulgação

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